
Há um antes e um depois de Joana Vasconcelos no mundo da arte contemporânea, mas o país que a inspira continua a duvidar dela. A artista plástica - a primeira portuguesa, a primeira mulher e a mais jovem de sempre a expor em Versalhes - ri alto e agasalha o ditado: santos da casa não fazem milagres. Esta segunda-feira chegou a Serralves, vinda do Guggenheim, para uma mostra antológica. Expor no Porto, diz em entrevista à “Notícias Magazine”, “é regressar a casa”.
Não é impunemente que se concebe um lustre com 14 mil tampões femininos, faustoso candeeiro branco que substitui cristais por micro pensos higiénicos cilíndricos, convocando a intimidade, a virgindade, a pureza ou o fim de tudo isso [A Noiva, 2001-2005].
Não é inocentemente que se manipulam 36 mil talheres de plástico com o rigor da filigrana para inscrever o amor e a morte num objeto de imaginário sagrado [Coração Independente, 2004-2006]. Nem é irrefletidamente que se pendura um discurso sobre a condição feminina nos saltos altos de um sapato feito de tachos e tampas [Marilyn, 2009].
Ou se instala uma matilha de cães de louça num carrossel em que os animais se despistam quando acionado o botão do abismo dado pela velocidade da vaidade e da vida [Passerelle, 2005]. Ou se adormecem as misérias e as fragilidades humanas num colchão de calmantes [Cama Valium, 1998].
A suspeita que se ergue a cada nova peça de Joana Vasconcelos é confirmada quando se entra no imenso ateliê da artista atracado nas docas de Alcântara, em Lisboa: Joana Vasconcelos diverte-se. Fala muito e fala rápido, ri alto e dança sem parar.
“Uma obra é a vida e a obra. Não é as peças penduradas na parede, é tudo o que está por trás”, avisa, como quem entrega um bilhete de identidade à entrada. Para ser sério não é preciso ser sisudo, e para colocar o dedo na ferida não é preciso usar álcool. Ela usa rendas e lãs e naperões, usa croché e cores e néones, tudo a brilhar, tudo grande e tudo no plural.
Faz uma espécie de corrupção dos objetos que nos são familiares mas ao contrário. Como se pintasse de vermelho os lábios a todos os materiais que utiliza, valorizando-os numa vida nova e improvável. Um exercício kafkiano que transforma o lixo em luxo, criando um novo significante para a obra que é de arte. Contemporânea.
É como se naquele armazém gigante onde todos os dias convivem seis dezenas de pessoas que ela resgatou de várias nacionalidades, formações e credos, naquela sucessão de salas e oficinas e corredores em que a tarefa parece uma festa e onde todos dançam quando se cruzam e riem quando falam – e onde quando não estão a trabalhar, estão a praticar ioga ou meditação ou karaté -, fosse uma enfermaria para peças-borralheiras que, depois de curadas, se reinventam como obras-cinderela.
Vale tudo no mundo encantado da artista plástica, mas é preciso aprender a olhar para ver, porque parte da técnica com que tece a identidade do seu trabalho parece residir no prazer de nos armadilhar a visão. Se não se aguçar o olhar nada ressoará se não o equívoco de um conjunto de peças histriónicas e destituídas de um sentido outro que não o da mera vampirização da portugalidade.
A obra de Joana Vasconcelos, ancorada num permanente jogo de espelhos – sociológico, psicológico, cultural – é tudo menos lúdica, é de uma lucidez desarmante. E isso perturba.
Uma maratona de mais de 20 anos em Serralves
Endeusada no mundo, questionada em Portugal, não raras vezes apoucada pelos pares, a artista de 47 anos chega esta segunda-feira Serralves, no Porto, para uma exposição antológica que percorre uma maratona de mais de 20 anos de trabalho. Com ela traz uma coleção de conquistas de atleta de altíssima competição.
“Mas talvez isso diga mais do estado do Mundo do que de mim própria”, suspira. “Um Mundo que não está tão desenvolvido como parece, em que as mulheres não são tão aceites como se julga, um Mundo em que persiste uma série de preconceitos tapados por um véu. Penso muitas vezes: porquê eu? Poderia ter sido tanta gente antes de mim.”
Talvez pudesse ter sido. Mas foi ela, em 2005, a primeira mulher a expor na 51.ª Bienal Internacional de Arte de Veneza que, nesse ano, e também pela primeira vez, foi comissariada por mulheres. Foi ela que, em 2012, foi a primeira portuguesa, a primeira mulher e a artista mais jovem de sempre a expor no mítico Palácio de Versalhes, batendo o recorde de visitantes dos últimos 50 anos naquele monumento de poder francês: 1,6 milhões de pessoas em apenas três meses.
E foi ela que, no ano passado, foi a primeira portuguesa a expor em nome individual no Museu Guggenheim de Bilbau. “I’m Your Mirror”, vista por mais de 600 mil pessoas até novembro último, é a mostra que transporta agora para o Museu de Arte Contemporânea de Serralves, mas cuja encomenda, estranhamente, ninguém na instituição portuense quis assumir. Nem Suzanne Cotter, anterior diretora artística do Museu; nem João Ribas, que lhe sucederia no cargo, nem tão pouco Ana Pinho, presidente do conselho de administração da Fundação.
“É normal”, desvaloriza Joana Vasconcelos. “Santos da casa não fazem milagres”, diz, convicta de que “o país ainda duvida” dela. A polémica de Serralves, como de outras instituições por onde já passou, é drama que não lhe tira o sono.
“Gosto mais de exposições do que de cocktails”, atira, sempre a rir, sem medir palavras, sem encenar poses e sempre sem parar de desenhar enquanto fala, agora sentada diante da secretária num gabinete que mais parece um jardim infantil para adultos. Para adultos sonhadores. De resto, voltar ao Porto, onde só não nasceu por acaso, é marco demasiado importante para que pretenda imiscuir-se em qualquer tipo de poluição efémera.
Joana Vasconcelos, subversiva, romântica e louca, no que a loucura tem de ausência de covardia, tinha 24 anos, era menina acabada de sair do Centro de Arte e Comunicação Visual (Ar.Co), onde estudou joalharia e desenho, quando pela primeira vez colocou uma peça em Serralves, no Parque. Foi em 1996, “antes de Serralves ser Serralves”, numa mostra comissariada por João Fernandes, chamada “Mais Tempo, Menos História”.
A instalação interativa “Trianons”, inspirada em dois edifícios de Versalhes, pertence a Vila Nova da Barquinha, e não faz parte da exposição que inaugura esta segunda-feira. Mas foi ali, naquele momento, que aprendeu o que é um museu. “Foi o meu baile de debutantes”, ironiza.
“Foi ali que pela primeira vez entrei num museu sem ser como visitante, que me apresentei à sociedade e que percebi a responsabilidade de ser artista.” Por isso, quando os curadores de Bilbau, Petra Joos e Enrique Juncosa, preparando a digressão de “I’m Your Mirror”, perguntaram se fazia questão de passar por Portugal – e, no caso, pelo Porto -, a resposta foi instintiva. “Expor no Porto é regressar a casa. Há uma relação de afeto com a casa de partida, que é inesquecível.”
“Expor no Porto é regressar a casa. Há uma relação de afeto com a casa de partida, que é inesquecível”
A exposição que fará escala na cidade até junho, para depois rumar a Roterdão, apresenta nuances ditadas pela memória afetiva da autora e pela arquitetura do espaço. Sem distorcer “a génese e a coerência conceptual” da curadoria, há três composições distintas que se ajustam a cada país da itinerância, para que haja diálogo com o desenho dos arquitetos.
E são três. E são três Pritzker: Frank Gehry, em Espanha; Álvaro Siza, em Portugal; e Rem Koolhaas, na Holanda. No projeto idealizado para o Porto, os jardins de Serralves não serão esquecidos, serão brindados com obras que não integraram a mostra de Bilbau, como o bule de chá em ferro forjado [Miss Jasmine, 2010].
Se tudo é irrecusável no desejo de expor na cidade – incluindo a possibilidade de todos os seus colaboradores visitarem a exposição, o que nunca acontece no estrangeiro -, há uma ausência incontornável que Joana Vasconcelos não é capaz de digerir: Paulo Cunha e Silva, o vereador da Cultura da Câmara do Porto que morreu inesperadamente em 2015 e que era o seu interlocutor em Portugal desde o final da década de 1990.
“Há duplas que são casamentos para a vida. É como a parceria entre o homem que canta fado e o que toca guitarra portuguesa: se um se perde nunca mais se recupera. Fica só o vazio.” Paulo Cunha e Silva fazia com ela em termos nacionais o que Miguel Amado faz no circuito internacional: acompanha, discute ideias, desbrava caminho, percebe o trabalho, dá feedback da obra. “Era uma pessoa especial num país onde há tão poucas pessoas especiais.”
Paulo Cunha e Silva, que lhe encomendou “Ouro sobre Azul”, em 2001, dizia que Joana Vasconcelos é “uma predadora de sinais e estereótipos que muda de escala, reorganiza e devolve ao mundo com uma configuração que oscila entre o espetáculo e o absurdo”. Ela gostava de falar com ele e gostava da forma como ele a “entendia” e sabia “contextualizá-la”.
Talvez tenha mesmo sido ele, crítico e curador, quem melhor soube definir o seu trabalho, dizendo que ela oferece uma segunda pele ao mundo, para que o mundo fique menos chato. Nesse sentido, escreveu Cunha e Silva em 2009, “uma das suas armas mais poderosas não pode deixar de ser o humor”.
A artista desfia o rosário de memórias e confessa: “De alguma forma, a exposição que agora levo a Serralves é consequência de uma ideia antiga do Paulo e do trabalho que desenvolvemos juntos. Dizia-me que devia fazer um programa alargado, programando vários espaços e não apenas um. É o que vou fazer, estendendo o diálogo aos jardins. Sem esquecer o galo [Pop Galo, 2016], que está já no seu pouso, em Barcelos, e que encaro como extensão da exposição”.
“Tinha uma peça mas não tinha obra”
Paulo Cunha e Silva esteve com Joana Vasconcelos em Veneza naquela brava primeira incursão na Bienal de 2005 (haveria de voltar em 2013). E há um antes e um depois desse ano na vida dela. “Senti que não estava preparada, estava habituada a estar só no plano nacional, a jogar a casa. Um dia percebes que afinal o mundo é gigante e pensas: E agora? Nessa altura, foi o Paulo que me ajudou, porque sabia pensar o espaço cultural e sabia estruturar uma carreira.”
A artista plástica, hoje no topo do mundo – acaba de instalar uma obra de arte na escadaria dos históricos armazéns de luxo Bon Marche, em Paris; e de ser eleita pela edição europeia do site Politico como a sexta figura mais influente de 2019 na categoria dos “sonhadores” -, avança levando sempre com ela todos quantos nela acreditaram numa altura em que talvez nem ela conseguia acreditar.
Há uma dimensão de gratidão no seu discurso a que volta ciclicamente. A Miguel Branco, que na escola lhe pediu para nunca parar de desenhar, a Miguel Brito, que lhe deu o primeiro salário, a… vai repassando vários nomes.
“Um dia percebes que afinal o mundo é gigante e pensas: E agora? Nessa altura, foi o Paulo [Cunha e Silva] que me ajudou, porque sabia pensar o espaço cultural e sabia estruturar uma carreira”
Volta a 1996. “No início não houve muitas pessoas a terem a perceção de até onde poderia ir. Mas houve algumas: o Pedro Cabrita Reis, o João Pinharanda, o Manuel Reis.” Detém-se no Cabrita, o artista, a primeira pessoa a comprar-lhe uma obra. “Não posso esquecer a emoção do dia em que me ligou a perguntar quanto custava uma peça.” Era “As Flores do Meu Desejo”, instalação feita de espanadores lilases que conseguiu montar graças aos 46 contos que o pai lhe emprestara.
“Nem sabia o preço da peça, nem nunca tinha pensado que pudesse ter valor”, ri. “Não fazes para vender, nem fazes para que os outros gostem. Mas teres um par a querer comprar uma peça tua muda a tua perspetiva sobre ti. Foi um momento definidor. Naquele dia, pensei: se calhar vou conseguir viver disto, se calhar isto vai ser verdade.” Seguiu-se António Cachola, o colecionador, a querer ter peças suas e as dúvidas que persistiam dissiparam-se.
Contudo, “ser artista é estar sempre a começar do zero, nunca nada está acabado”. Em 2000 vence o Prémio EDP e em 2001 faz “A Noiva”, que Manuel Reis expõe no Lux, redundando num enormíssimo sucesso. Durante muito tempo, Joana Vasconcelos seria a “artista do tampão”. Mas quando, pouco depois, a Gulbenkian faz aquisições, ninguém lhe compra a obra. Um desalento. “Senti-me traída pelo meu país e pelos colecionadores de então”, confessa. “Senti-me abandonada”, insiste, a atirar as mãos à cabeça. Podia desistir ou erguer-se e seguir em frente. “Pessoas como o Paulo e o Manel foram fundamentais. Disseram-me: miúda, aguenta-te, o que tu fazes é bom.”
E é então que surge Veneza. “Quando cheguei, escolhida por uma curadora espanhola, a minha dor do abandono desapareceu. Comecei a perceber que o Mundo é muito mais vasto do que a noção portuguesa. Percebi que tinha de reconciliar-me com isso e admitir que talvez devesse balizar-me pela bitola internacional. Foi o que fiz. Sintonizei-me com uma energia que existe internacionalmente e que não corresponde à frequência energética nacional.”
“Ser artista é estar sempre a começar do zero, nunca nada está acabado”
A exposição no plano exterior traz-lhe nova inquietação: “Tinha plena noção de que tinha uma peça muito boa, que era ‘A Noiva’, mas não tinha corpo de obra suficiente para poder expor pelo mundo inteiro”. Tinha a intenção mas faltava-lhe a biografia. “Uma identidade constrói-se com várias peças que, entre si, geram um discurso. À medida que vais dando pontos, vais criando uma malha – essa malha é quem tu és.”
Na ausência desse mapa, decide atirar-se de pés e cabeça à sua construção. Durante cinco anos, trabalha “que nem uma moura”. E em 2010, missão cumprida, tem a sua primeira retrospetiva, no Museu Coleção Berardo/Centro Cultural de Belém, em Lisboa. “Sem Rede”, comissariada por Jean-François Chougnet – “devo-lhe ter conseguido mostrar ao Mundo, a partir de Portugal, quem eu era” – , foi um sucesso de bilheteira: quase 200 mil pessoas em dois meses.
Mas, mais importante do que o número de visitas, foi François-Henri Pinault, dono da Gucci, “o senhor Pinault”, como ela diz, ter-lhe comprado uma peça. “Contaminação” [2008-2010], estranho corpo têxtil tentacular, de cores e texturas variadas, que simboliza o poder do hedonismo e do sensualismo dos costumes, acabaria, um ano depois, no Palazzo Grassi, o Museu de Arte Moderna de Veneza, propriedade que Pinault adquiriu para abrigar a sua coleção pessoal.
Ali, é Joana Vasconcelos ao lado de monstros como Jeff Koons ou Damien Hirst.Ali, como ela diz, “ou te aguentas ou te vais abaixo”. E “Contaminação”, comboio estridente de onomatopeias, “pah, pah, pah, aguentou-se. Foi de tal maneira que me deram Versalhes”, o grande sonho dela de menina.
Estava tudo ganho? Não. Estava tudo a recomeçar outra vez. E outra vez com dor. O ministro da Cultura de França que encomendara a mostra muda, dá lugar a uma mulher, e a mulher recusa expor-lhe “A Noiva”. Joana Vasconcelos volta a encenar o drama em gestos de ópera.
“Mega fado, acabou o mundo, vou embora”, ameaçou. Mais uma vez, é Jean-François Chougnet quem lhe ensina a lição. “Tens de te aguentar, a tua obra é mais importante do que uma só peça.” Mas ela queria mostrar a peça, era a sua “pièce de résistance”. Vacilou, hesitou, cresceu. “Estava cheia de medo, mas há um momento em que tens de enfrentar os teus demónios, tens de largar a mão e olhar para ti de outra maneira. Foi assim que percebi que já podia acreditar na minha obra.”
A obra é também a imensa coleção de valquírias, um hino às deusas guerreiras gregas, que “têm a característica de voar e de devolver a vida”, o que encaixa na perfeição em quem faz de “revitalizar” a marca de água da sua obra. São já mais de trinta, as valquírias, e a Roménia quer mostrá-las todas de uma só vez. Será na Casa do Povo, o terceiro maior edifício do mundo. E a obra é também o que há de vir. Como o bolo de noiva com 11 metros de altura, Viúva Lamego por fora, Vista Alegre por dentro, encomendado pelo Lorde Rothschild, que há de estar concluído em 2020. “A coisa mais excêntrica” que já fez, garante.
“2019 é um ano de introspeção”
A vida de Joana Vasconcelos, escultora de ideias, parece inventada. Mas é real. Nasce em França em 1971, filha de pais emigrantes – a mãe formada na Fundação Ricardo Espírito Santo Silva; o pai é Luís Vasconcelos, fotojornalista e diretor da Estação Imagem -, chega a Portugal com quatro anos.
“Sou filha de revolucionários, filha do Maio de 68. Nasço em Paris, no contexto de uma guerra colonial e de uma ditadura tremenda. Mudo de país, venho para cá e sou consequência da primeira geração educada em democracia. Esta é a minha história.” E essa história ensinou-a a ter um “discurso político sobre a condição da mulher, a condição social, o desejo de igualdade, a forma como olhamos para o planeta – e para outros, para os integrar”.
“Sou filha de revolucionários, filha do Maio de 68. Nasço em Paris, no contexto de uma guerra colonial e de uma ditadura tremenda. Mudo de país, venho para cá e sou consequência da primeira geração educada em democracia. Esta é a minha história”
Por isso criou, em 2012, uma Fundação, para “apoiar aqueles que fazem da Arte o seu caminho”. Acolhe pessoas da Associação de Refugiados em Portugal e da Associação de Deficiências Mentais. “São diferentes? Pois, também eu”, exclama. E todos os anos atribui 15 bolsas de estudo, porque “vive mal” com a ideia de “um aluno deixar de estudar por não ter dinheiro”.
No Porto, quer assinar um protocolo com a Faculdade de Arquitetura para apoiar mais estudantes. Apoiar é diferente de salvar. “Não gosto do verbo salvar, gosto do verbo valorizar. O grande defeito português”, diz, “é não nos valorizarmos e não nos estimarmos. Quando se valoriza alguém, seja pessoal, profissional ou emocionalmente, isso faz com que as pessoas tenham uma energia anímica diferente, vontade de acreditar e de continuar. Isso aconteceu comigo. Muitas vezes podia ter desistido. Estou aqui porque fui valorizada em momentos-chave. E a única coisa que posso fazer para agradecer a todos aqueles que me valorizaram é valorizar aqueles que vierem a seguir a mim. Porque devolver é a única forma de agradecer.”
É por isso que faz tanta questão de expor em Portugal, por gratidão ao país que a inspira. “Inspiro-me no barroco, no ser portuguesa. Quero mostrar aquilo que sou e aquilo que o país me permitiu que eu fosse, com a sua história, a sua tradição, a sua cultura, as suas pessoas. Mostrar o lugar de onde vens, com honestidade, qualidade e profissionalismo é fundamental.”
Joana Vasconcelos ri até ao fim da entrevista. Antes de trocar de roupa para treinar karaté, canta um fado de Mariza, mas troca-lhe o substantivo feminino. “Ó gente da minha terra/Agora é que eu percebi/ Esta alegria que trago/ Foi de vós que recebi.” Alegria.