O excedente agrícola e a necessidade de inovar ditam que a especialidade tenha novos sabores. Mirtilo, maçã, ameixa, pêssego, quivi e figo aliam-se ao açúcar para momentos de prazer na boca.
Um dos primeiros registos da marmelada vem do século XV. E Maria Gardine, proprietária da Quinta da Gandra, em Braga, garante que na época já havia quem confecionasse o doce com frutas que não o marmelo, obtendo a consistência que define a marmelada. Gardine faz ameixada, pessegada, figada, maçãzada e pera-cenourada há mais de 20 anos. As receitas são a soma das que se faziam nos séculos XV e XVIII, que copiou à mão em antiquários, e dos ensinamentos da avó brasileira.
Fernando Azevedo, gerente da Mirtiflor, sediada em Vila Verde, reconhece que, há cerca de três anos, fazer marmelada foi a solução para a necessidade de inovar, mas sobretudo para aproveitar o excesso de mirtilos.
Também a marmelada de maçã da Quinta do Pedragal, em Gouveia, começou a ser confecionada em 2011 de forma a aproveitar o excedente de fruta, e tendo como base receitas e modos de fazer tradicionais. Olímpia Cardoso, filha do dono da quinta, assegura que, antigamente, na cidade da Guarda, fazia-se muita marmelada de frutas, nomeadamente de maçã e pêra.
No caso da Sabores da Torre, de Amarante, as marmeladas de maçã, mirtilo, pêssego e quivi surgiram para ajudar a economia local, nomeadamente os produtores de pequena escala, conforme atesta Fernando Costa, proprietário da marca. Com validades que variam entre um ano e um ano e meio, as marcas são artesanais e garantem não usar corantes nem conservantes. Só açúcar e fruta. Como antigamente.