Hoje, é com pompa e circunstância que temos, supostamente, muito supostamente connosco, para não termos chatices, o nosso juiz “aoestedoPecos”, o famoso Neto de Moura. Em vez de aplausos, peço umas palmadas nas mulheres adúlteras deste país.
Vou processá-lo!
Já processou. Não se canse. O mundo seria melhor se todos fossem como o senhor e os machões apenas ameaçassem as mulheres com processos. Guarde essa ira para as mulheres agredidas. Antes de mais, obrigado por estar aqui hoje, só esperava vê-lo em tribunal. Segundo sei sente-se abatido.
É verdade, estou muito abatido.
Mas ainda consegue falar, a maior parte das mulheres abatidas já não tem essa capacidade. Estar abatido e conseguir falar sobre isso é um milagre. E sente-se abatido porquê? Não conseguiu chegar ao fim do jogo do Ricardo Araújo Pereira?
Não é por isso. É porque fazem piadas comigo. É evidente que eu não posso sentir-me bem. É evidente que isto provoca mossa.
Mossa era se as piadas tivessem pregos. Mas, compreendo. Deve ser terrível ser um saco de pancada.
Tem sido um inferno. Agora percebo o que sentem algumas mulheres. Isto de levar pancada todos os dias é desgastante.
Tenho imensa pena. O que é exatamente o oposto do que o senhor costuma dar a quem agride mulheres.
Estou muito arrependido de tudo o que disse, se pudesse voltar atrás…
Mas voltar atrás é o que senhor habitualmente faz . Não me diga que ainda quer voltar mais atrás que a 1886?!
Sou um incompreendido. Nasci no tempo errado. Sinto-me rodeado por gente que me quer mal.
Compreendo. Isso podia ter sido evitado se tivesse nascido antes de inventarem a roda. Mas, apesar de tudo, tem tido quem o apoie. Por exemplo, nos comentários no jornal online “O Observador “, os comentários são: “É assim mesmo, Neto de Moura. Essas porcas adúlteras. É chamar as vacas pelos nomes, chega do politicamente correto”.
Exatamente, alguém que me compreenda.
Certo. Mas se a seguir há sempre alguém que diz “o juiz Neto de Moura é uma besta”, a resposta é: “Isto não pode ser, há limites para a liberdade de expressão!”. Afinal onde é que ficamos? Porque é que um sujeito de toga é mais que uma senhora de saia travada?
Porque o que me estão a fazer são ataques pessoais.
Isso é bom, significa que ainda há quem o considere uma pessoa. Não é o meu caso.
Eu estou farto. Vou-me fechar num convento. Já decidi. Vou para as carmelitas descalças. Mas vou de botas cardadas para pisar os pés a essas badalhocas.