Gonçalo Alves da Cunha: o embaixador do vinho no Japão

Gonçalo Alves da Cunha, 27 anos, passou pela hotelaria na Noruega e em Inglaterra, até perceber que era no setor do vinho que se sentia realizado (Foto: Pedro Granadeiro/Global Imagens)

O interesse pelo setor vinícola sempre esteve lá. No entanto, Gonçalo Alves da Cunha, 27 anos, natural da Foz do Douro, no Porto, nunca pensou que a vida o levasse a um contacto tão próximo com o setor, muito menos a tornar-se um dos embaixadores dos vinhos portugueses no mercado japonês. Nem quando integrou a cadeira de Enologia, enquanto aluno da licenciatura em Gestão e Administração Hoteleira, concluída em 2014. Com o canudo na mão, partiu à aventura para a Noruega, em 2015. Trabalhou num resort de esqui quatro meses. Seguiu-se meio ano em Inglaterra, também a trabalhar num hotel. Constatou então que “não nutria paixão pela hotelaria”.

Gosta de viajar. Garante que só o faz “para ter experiência e pela reforma interna, não pelo regozijo paisagístico”. A cumplicidade com a literatura fê-lo escrever. Entre contos e livros de poesia, publicou um romance, em 2017. No ano seguinte, dedicou-se a uma startup especializada em cinema e audiovisual.

Sem planos, Gonçalo viu no programa de estágios internacionais INOV Contacto a aliciante oportunidade de adquirir experiência. Contudo, “estava longe de imaginar que seria uma experiência tão revolucionária”. Indicou como destinos preferenciais o Japão e qualquer país da América Latina, e como gosto destacou a comunicação. Diz que teve sorte por o terem integrado no país nipónico.

A mudança de continente não aconteceu de ânimo leve. Além do choque cultural, encontrou na língua um entrave, uma vez que os japoneses não dominam o inglês. A interação causava-lhe ansiedade, mas adaptou-se, até porque é da opinião que “a ausência de dificuldades acomoda o caráter”.

O afeto e a dedicação dos nativos, aliados à “curiosidade indomável” que o caracteriza, contribuíram para que não cedesse às saudades.

O estágio aconteceu na empresa de vinhos 1756 – The Portuguese Wine Company, onde entendeu que era necessário melhorar a comunicação interna e externa. Embora assuma que o programa é engrandecedor, reconhece que foram a autonomia e a polivalência que lhe valeram o lugar na empresa. Depois de meio ano no Japão, Gonçalo regressou a Portugal em setembro, onde continua a trabalhar no marketing digital e na comunicação da 1756. Enquanto pondera uma mudança definitiva para o Japão, aprende a língua japonesa. E procura “exagerar a existência” com a “acumulação de projetos”. “Tento levar a vida como um gato, que se deixa conduzir e procura aceitar o caminho.” Por entre garrafas de vinho.

Foto: Pedro Granadeiro/Global Imagens