Gabriel, o corredor… contra a paralisia cerebral

Texto de Filipa Neto

Tudo começou em 2013, quando o carioca Rodrigo Rocha decidiu participar com o filho, de 16 anos, numa corrida de atletismo. Apesar de Gabriel sofrer de paralisia cerebral, o pai viu na prática desportiva uma oportunidade de o jovem melhorar o controlo motor e a própria inclusão social. Logo na estreia, os restantes atletas demonstraram respeito e admiração. E Gabriel sorriu.

Desde então, a dupla brasileira já participou em mais de dez corridas. Empurrado pelo pai num triciclo adaptado, Gabriel é uma inspiração fundamental para que ambos cruzem a meta. Cada vez mais forte, o jovem ultrapassou, inclusivamente, provas com seis horas de duração, muitas delas repletas de chuva, vento e frio. Mesmo sentado, Gabriel vive aqueles momentos como se estivesse a correr com os pés no chão.

Rapidamente passaram do atletismo para a natação, mas não foi tarefa fácil. Rodrigo conta, orgulhoso, que viveram dias muito difíceis, mas Gabriel nunca se deu por vencido. Assimilou todas as palavras de apoio e num ápice, aprendeu a nadar.

“Gabriel é a minha inspiração! Ensinou-me a viver melhor de maneira diferente. Sou mais calmo, não dou valor a coisas materiais como antigamente. Valorizo um sorriso, um abraço”, revela o pai, sublinhando, no entanto, que “parece tudo normal, mas não é bem assim”. Apesar disso, cada passo conquistado por Gabriel é muito mais do que isso. “Consideramos uma vitória.”

Mas a evolução não ficou por aí. Com todos os treinos superados e cada vez mais fortes, os dois guerreiros decidiram participar numa prova de triatlo. Em duas horas, a dupla superou 750 metros de natação, 20 km de bicicleta e 5 km de corrida. A meta foi cruzada de uma forma muito especial. Gabriel deixou o triciclo e, amparado pelo pai, celebrou mais um sucesso. Desta vez, foi mesmo com os pés no chão.