Sempre que o modernismo dá um passo ouvem-se vozes pessimistas. Aconteceu quando apareceram os televisores e as aparelhagens de som, ou quando os telemóveis e os tablets se massificaram. A frase repetia-se, derrotista: “já ninguém precisa de um rádio”. Foram tantas as sentenças de morte que já ninguém acredita nelas.
Os rádios reforçam-se em todas as frentes: o design vai beber ao passado, a tecnologia serve-se do que há de mais quente no mercado. Vêm com ligação à Internet e Bluetooth, entradas USB e para cartão de memória, baterias de grande autonomia, elevada potência sonora, sintonizadores analógicos AM/FM, relógio e alarme, etc. E sem deixarem de ser úteis, conquistaram um espaço de respeito no mundo da decoração: são úteis mesmo desligados.
Carlos Amaral, da Esotérico – Consultores de Som, em Loures, não é apologista do objeto enquanto adorno mas concorda que, por exemplo, o Model One da Tivoli, que tão bem vende na sua loja, é muito mais do que um bom rádio. “Além de um sucesso mundial pela sua qualidade, aparece cada vez mais em catálogos, revistas de decoração e agora até em anúncios de televisão.” Isto porque “a indústria tem tido necessidade de ir buscar ícones do passado”. Em todo o caso, o especialista alerta que “nem tudo o que aparece no mercado são réplicas do passado, no que toca à qualidade”. É uma questão de saber exatamente o que se pretende deles. E uma coisa permanece certa: os rádios não desaparecerão tão cedo.