Formigas como animal de estimação? Sim, há quem as tenha

Texto de Fátima Mariano | Fotos: António Carrapato/Global Imagens

São muitas vezes consideradas uma praga, mas há quem tenha formigas como animais de estimação. É o caso do biólogo Eduardo Sequeira, de Évora, que já conseguiu transmitir esta sua paixão a alguns amigos. Em 2013 lançou o Formigarium, um terrário construído em aço inoxidável e acrílico cortado a laser que permite observar o comportamento social destes animais num ambiente que recria o seu habitat natural.

Por viverem debaixo da terra, não nos apercebemos do quão intensa é a atividade diária de uma colónia. Desde a colocação dos ovos pela rainha, ao nascimento das crias ou às larvas a tecerem os casulos, até à arrumação dos armazéns de sementes, à preparação do “pão de formigas” (nas espécies que comem sementes), à limpeza do formigueiro e à comunicação pelas antenas.

A vida no interior de um formigueiro é muito mais intensa do que à partida se poderia pensar. A colónia hiberna apenas entre o final de novembro e os meses de fevereiro/março, quando a temperatura atmosférica está abaixo dos 15 graus. O biólogo considera que este é o animal de estimação adequado para quem tem “algum tipo de curiosidade” em relação às formigas. “Trata-se de um grupo de insetos, não é possível fazer festas como num cão ou gato, não cantam como os pássaros.”

Sementes sim, luz direta não
Os formigueiros de Eduardo Sequeira estão divididos em duas partes: uma que simula o exterior da terra, onde é colocada a água e os alimentos; e outra que recria o interior, onde vive a rainha e se desenrola a maioria dos comportamentos e da vida social da colónia.

Independentemente da espécie, há cuidados de manutenção comuns. O formigueiro não pode estar num local que receba luz do sol direta, sob pena de os animais não resistirem (lembra-se do episódio da série “Alf” no qual a sua colónia de formigas de estimação morre por este motivo?). Deverá ficar instalado numa zona com temperatura amena, sem muitas vibrações e onde não sejam usados inseticidas – nem sequer os elétricos.

E, claro, nunca deverá faltar água nem alimento (sementes livres de pesticidas, insetos e água com açúcar ou mel), sublinha Eduardo Sequeira. Para uma colónia de média dimensão, que tem à volta de 150 formigas, uma colher de sopa de sementes é alimento suficiente para um mês. O preço de um formigueiro médio ronda os 50 euros, preço que pode incluir a colónia ou a rainha, se houver disponibilidade.

É o biólogo quem as coleta no meio ambiente. “Elas voam um ou dois dias por ano, de manhã ou ao cair do dia, dependendo da espécie. Nessa altura, recolhemos as rainhas e cuidamos delas até nascerem as primeiras formigas. Em algumas espécies, esse processo pode levar mais de oito meses”, explica.