Esta semana nas entrevistas que nunca fiz, provavelmente por falha minha, uma vez que se trata de um vulto incontornável da cultura portuguesa, tenho comigo João Miguel Tavares. O intelectual escolhido por Marcelo Rebelo de Sousa para presidir às cerimónias do 10 de Junho. Quem deve andar a trepar às paredes com esta escolha é o Henrique Raposo.
Quem?!
Não interessa. Primeiro, deixe que lhe dê os parabéns, João Miguel. O senhor ainda tem mais e melhores amigos do que o Sócrates.
Não percebo essa afirmação, e eu percebo de quase tudo.
Eu explico. Você já conseguiu que um ministro das Finanças, Vítor Gaspar, fosse fazer o lançamento de um livro seu para crianças – “A Crise Explicada Às Crianças de Direita e Esquerda”.
Isso foi muito simpático da parte dele.
Sim, especialmente porque quando ele era ministro quase não nasciam crianças. Agora, é convidado pelo presidente Marcelo para presidir as comemorações do 10 de Junho.
Isso tem uma razão de ser. É porque eu nasci em Portalegre e as comemorações vão ser em Portalegre.
Hum…parece-me uma fraca justificação, do género das que dava o Sócrates quando justificava que o amigo lhe emprestava massa porque nasceram na mesma terra e se conheciam desde pequeninos.
Eu já respondi a isso, por causa de um texto do Rui Vieira Nery. Infelizmente, em Lisboa há mais concorrência do que em Portalegre.
Mas com essa sua resposta acaba por reduzir Portalegre. Só por isso demonstra que a escolha foi errada. Por exemplo, Carrilho da Graça é bom arquiteto e nasceu lá. E há gado bovino fixe, também.
Não percebo essas insinuações. Eu não estava à espera, fui surpreendido e não fiz nada por isso.
Hum… Imagine que eu era daquelas pessoas que fazem teorias conspirativas, que envolvem cunhas, etc., só para sacarem tachos, como o senhor faz nos seus textos. Diria que, agora, no mínimo, devia pagar um jantar de robalos ao seu amigo, adido cultural da presidência, e seu companheiro no programa “Governo Sombra”, Pedro Mexia.
Eu não meto cunhas a amigos!
Se calhar não precisa. Eles sentem-se na obrigação. Por exemplo. Eu gostei do programa do Ricardo Araújo Pereira desta semana na TVI, foi muito melhor do que o primeiro. A única coisa que não achei muita graça foi a parte dedicada ao facto de o senhor ter sido convidado pelo presidente da República para presidir ao 10 de Junho.
Mas… ele não abordou essa temática.
Exato. Nada como ter as costas quentes. Você passa a vida a escrever contra os tachos, mas deve ser a pessoa em Portugal com as melhores cunhas no país.
