“Esta greve já meteu mais militares do que o 25 de Abril de 1974”

Notícias Magazine

Esta semana o nosso convidado destas entrevistas que nunca fiz é um homem que até há meses era um desconhecido mas hoje é o homem mais falado do país. Connosco temos Pardal Henriques, o agora famoso representante do SNMMP – Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas que veio até aqui de skate.
Foi para poupar gasolina e para gozar com as pessoas. Eu já tinha ido de trotinete para a Companhia Logística de Combustíveis, em Aveiras. Agora, resolvi variar.

E, pelo que sei, a seguir, vai de patins para o partido do Marinho e Pinto. O senhor é, provavelmente, a pessoa mais detestada neste país. Não acha que o Marinho Pinto já teve um resultado demasiado mau nas últimas eleições? Quer que o homem vá para negativos?
Engana-se, há muita gente que gosta de mim.

Quem?!
Olhe, por exemplo, os donos das empresas de jerricãs.

Ilustração: Sérgio Marques

Isso é verdade. Muito gostam os portugueses de uma boa dose de pânico. Nem quero imaginar o que aconteceria em Portugal se o Orson Welles fizesse uma transmissão da Guerra dos Mundos pela CMTV. Foram logo todos açambarcar combustível. Se tivessem feito o mesmo com os bancos aquando da crise, e fossem todos a correr buscar a massa que lá tinham, não tinha sobrado um.
É com essa confusão que eu conto. Nada como causar o caos.

É impressionante. Já houve mais pancada por causa da greve dos combustíveis do que no 25 de Abril. Precisamos de alguém que ponha cravos vermelhos nas pontas das mangueiras de combustível.
É verdade, e até já meteu mais militares do que o 25 de Abril de 1974.

Mas também já há gente a dizer que isto só lá vai com um Salazar em cada posto de combustível.
Não precisa de um Salazar, já tem o António Costa a querer impedir o direito à greve.

Mas olhe que não foi só o PM que quis avançar para a requisição civil. O presidente Marcelo também alinha com a estratégia. Aliás, o que eu estranho é o professor Marcelo ainda não ter aparecido a nadar num tanque de combustível. Aqui entre nós, esta greve é para durar quanto tempo? Não posso continuar com o carro parado, não tenho dinheiro para isso. A EMEL é mais cara do que a gasolina.
Não faço ideia, estamos preparados para estar dez anos em greve.

Não me diga uma coisa dessas. Eu prometo, já aqui, que no dia em que voltar a haver gasolina para eu poder andar de carro, vou a pé a Fátima.