Eduardo Freire Rodrigues: médico sem bata branca

Eduardo Freire Rodrigues, 28 anos, quer exportar o software de gestão hospitalar que, por cá, tem 60 mil utilizadores registados. (Foto: Pedro Rocha/Global Imagens)

Texto de Sara Dias Oliveira

Bom aluno, um dos melhores do curso, presidente da associação de estudantes, e aquele bichinho sempre a morder de inventar, criar, dar forma ao que não existe. Terminou a formação académica em Medicina e lançou-se no mercado das novas tecnologias.

Cruzou-se com Duarte Sequeira e Luís Patrão, conhecedores do universo da saúde, juntaram-se e lançaram a startup UpHill, que funciona no centro de inovação Tec Labs no campus da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. E assim nasceu um software de gestão hospitalar usado atualmente por 22 hospitais privados portugueses, com mais de 60 mil profissionais de saúde registados como utilizadores.

É um produto inovador, uma ferramenta que permite a simulação real de casos clínicos e que apresenta a informação médica mais relevante de forma rápida e sistematizada. Tudo como deve ser, tudo processado. Um software feito à medida de cada unidade hospitalar, respeitando todos os protocolos internos, despertou a atenção e conquistou o Prémio Jovem Empreendedor atribuído pela ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários. O objetivo é manter os médicos e os profissionais de saúde informados sobre as melhores práticas científicas para obter melhores resultados e garantir a máxima segurança aos doentes.

Eduardo Freire Rodrigues, 28 anos, trocou os corredores dos hospitais e as salas de cirurgia pelos velozes e tecnológicos corredores da autoestrada da comunicação. Gostou do curso, digeriu imensa matéria, enveredou por outro caminho, abriu uma empresa, reuniu uma equipa (são dez por enquanto, serão 14 até ao final do ano) e o produto, que simplifica a quantidade de informação científica com que os médicos lidam para tratar os doentes, tornou-se realidade para melhorar a qualidade dos cuidados de saúde.

“Aprendi a programar de forma autodidata. Gosto muito de criar, construir algo novo é muito fácil quando se está a programar”, conta. Não chegou a vestir a bata branca de médico, decidiu vestir a pele de inventor para revolucionar o setor da saúde. “Percebemos quais as necessidades e construímos uma solução.” A UpHill surgiu em 2016 e começou logo a vender o que produzia.

As bases foram e são importantes. “A formação médica foi crítica no nosso negócio”, salienta. Os conhecimentos da área foram e são uma mais-valia para a empresa, como a cereja no topo do bolo. Neste momento, anda de olho em mercados além-fronteiras. Espanha está na lista. “Temos a ambição de melhorar o software a nível de plataforma e lançar um conjunto de produtos adicionais”, adianta.

Eduardo Freire Rodrigues gosta de ler e de viajar. Conhecer outras geografias, processar novas culturas. “É a forma que tenho de me conhecer melhor a mim e ao Mundo”, revela. De esticar o conhecimento. E, enquanto isso, matutar novos mecanismos para facilitar o exaustivo e delicado trabalho dos homens e mulheres de bata branca.