Dez hackers que ficaram para a história

Foto: EPA/FACUNDO ARRIZABALAGA

Rui Pinto, o hacker gaiense que se encontra em prisão preventiva, tem dado que falar nas últimas semanas, por ter sido um dos denunciantes do Football Leaks. Mas, antes da pedrada no charco do português, muitos outros deram nas vistas, pelo mundo fora. Conheça aqui dez dos piratas informáticos mais famosos da história.

Kevin Mitnick

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É um dos hackers mais famosos da história. A prova é que, em 2001, inspirou mesmo o filme “Takedown – Hackers 2”. Além de ter invadido uns quantos computadores de operadores telefónicas, fornecedores de Internet e universidades, este americano, hoje com 55 anos, foi mais longe: no início dos anos 1990, conseguiu decifrar o código de acesso aos arquivos do FBI. A proeza fez dele um dos cibercriminosos mais procurados da Internet. Anos depois, a caça ao homem culminou em prisão. Mitnick esteve preso cinco anos e, nos três que se seguiram à saída da cadeia, ficou impedido de aceder à Internet. É hoje consultor de segurança digital.

Vladimir Levin

Outro candidato ao título de maior hacker de sempre. Nascido na Rússia, em 1967 (52 anos), Vladimir Levin angariou uma pequena fortuna, recorrendo à Internet. A partir de um laptop em Londres, teve acesso a uma lista de códigos e passwords de vários clientes do Citibank. Depois, passou semanas a transferir dinheiro para umas quantas contas que criou, em diferentes países. Graças a esse sistema, Levin garantiu mais de 10 milhões de dólares (nove milhões de euros), dos quais apenas 350 mil euros foram recuperados. Acabou preso, no Aeroporto de Heathrow (Londres), em 1995, e mais tarde extraditado para os Estados Unidos, onde cumpriu três anos de prisão.

Kevin Poulsen

O americano Kevin Poulsen, ou “Dark Dante”, como se celebrizou no universo cibernético, foi um hacker com uma criatividade acima da média. No início dos anos 1990, Poulsen, hoje com 53 anos, dedicava-se a invadir linhas telefónicas. O jackpot “saiu-lhe” quando conseguiu aceder ao sistema de uma rádio, que estava a oferecer um Porsche Cabriolet ao 102.º ouvinte a ligar. Adivinhe lá quem foi felizardo… certo, Kevin Poulsen. Mas nem tudo foram rosas. Acabou preso, durante cinco anos, e depois ainda esteve três anos impedido de navegar na web. Entretanto, o americano mudou-se para o outro lado da barricada. Tornou-se jornalista e já tem no currículo a denúncia de vários esquemas de pirataria informática. Trabalha para a revista Wired, que se centra nas novas tecnologias.

Raphael Gray

Já Raphael Gray, hacker britânico de 38 anos, não pretendia engordar a conta pessoal nem levar para casa um carro topo de gama. Tinha uma missão bem mais “altruísta”: mostrar que a Internet não era um lugar seguro. Vai daí, acedeu a um sem fim de computadores, roubando um total de 23 mil números de cartões de crédito (um deles era o de Bill Gates, fundador da Microsoft, tendo usado os dados do multimilionário para lhe encomendar uma embalagem de Viagra e lha enviar para casa). Não contente, ainda criou dois sites, onde publicou as informações dos cartões de crédito que tinha roubado. A graça valeu-lhe uma visita do FBI, mas Gray escapou à prisão. Em vez disso, foi condenado a tratamento psiquiátrico e a três anos de trabalho comunitário.

Jonathan James

Jonathan James foi um prodígio, com um final infeliz. Aos 15 anos, este americano já tinha invadido os computadores do Departamento de Defesa dos Estados Unidos e da NASA. Não espanta que se tenha tornado o primeiro adolescente a ser preso por crimes digitais. Corria o ano de 1999. Acabaria por ser libertado, mas a vida não lhe sorriu. É que, anos depois, o seu nome surgiu associado a uma investigação feita pelos Serviços Secretos, no caso de um roubo massivo de dados de clientes de várias lojas de “e-commerce”. Jonathan não resistiu: suicidou-se, por já não acreditar na Justiça americana.

Adrian Lamo

Foi porventura o mais famoso hacker da última década, invadindo sistemas de alta segurança como o da Microsoft e o da Yahoo!, entre umas quantas empresas telefónicas e até um jornal – o The New York Times. Adrian Lamo conseguiu mesmo incluir-se na lista de trabalhadores do jornal, somando uma dívida de quase 300 mil euros, graças à utilização de uma ferramenta de pesquisa paga. Foi precisamente por piratear o sistema informático do The New York Times que Lamo acabou a cumprir pena – seis meses de prisão domiciliária. Em 2010, voltou a dar nas vistas, desta feita por ter denunciado Chelsea Manning, ex-militar que forneceu 700 milhares de documentos confidenciais do exército americano ao Wikileaks. Adrian Lamo foi encontrado morto no ano passado (quando tinha 37 anos), mas a autópsia foi inconclusiva.

Albert Gonzalez

Se o universo dos hackers contemplasse um “prémio empreendedorismo”, Albert González seria, por certo, um forte candidato. É que este americano de 38 anos criou uma espécie de portal dos piratas, em que quase quatro mil pessoas partilharam todos os tipos de cartões de créditos e certidões falsas ou roubadas. No fundo, uma espécie de comunidade virtual a que podia recorrer quem quisesse comprar um bilhete de identidade, um passaporte, um cartão de saúde, um cartão de crédito etc (mais de 170 milhões de identidades foram comercializadas entre 2005 e 2007). À primeira, ainda escapou à prisão, mas reincidiu e em 2008 acabou condenado a 20 anos de prisão.

Owen Walker

Um hacker que liderou uma rede que invadiu 1,3 milhões de computadores e roubou 20 milhões de dólares (18 milhões de euros) de contas correntes, que assumiu a culpa e ainda assim escapou à prisão? Existe. Chama-se Owen Walker, tem 30 anos e sofre de Síndrome de Asperger. Enfrentou seis acusações de cibercrime, mas nunca foi condenado. Entretanto, tornou-se especialista em segurança de empresas de tecnologia. Os últimos relatos dão conta de que, atualmente, vive na Nova Zelândia.

Julian Assange

Foto: EPA/FACUNDO ARRIZABALAGA

É provavelmente o hacker mais famoso da atualidade. Julian Assange, australiano de 47 anos, começou na pirataria aos 16 e durante quatro anos acedeu a várias redes governamentais e corporativas – Pentágono, NASA, Citibank e Universidade de Stanford incluídos. Depois, pegou em todas essas informações e criou um site que se tornou um fenómeno de popularidade a nível mundial. Em 2006, nascia o WikiLeaks, uma plataforma que tornou públicas informações e documentos confidenciais de toda a espécie. Os Estados Unidos reagiram em 2010, lançando uma investigação a Assange, ao abrigo do Lei da Espionagem de 1917, mas o australiano refugiou-se na Embaixada do Equador em Londres, onde ainda continua.

Ryan Collins

Pode não lhe conhecer o nome, mas certamente já ouviu falar dos estragos que este hacker de 39 anos causou. É que foi Collins quem, em 2014, divulgou fotos íntimas de celebridades como Jennifer Lawrence, Kirsten Dunst e Kate Upton, num escândalo que ficou conhecido por “Fappening” ou “Celebgate”. Tudo graças ao sistema de “phishing”: com emails que aparentavam ser da Google, do Facebook ou da Apple, pedia que as vítimas confirmassem alguns dados, que depois seriam usados para aceder às contas que as celebridades tinham na Apple. Acabou condenado a cinco anos de prisão.