Como são alimentados os bebés que nascem antes do tempo

A nutrição dos recém-nascidos prematuros é um dos aspetos mais importantes do seu desenvolvimento.

Um bebé é considerado prematuro quando nasce antes das 37 semanas de gestação. Os que nascem antes das 32 semanas de idade gestacional são os que necessitam de maiores cuidados. E, nestes casos, a nutrição é uma questão essencial. “Há evidência crescente de que a carência nutricional neste período crítico do desenvolvimento do sistema nervoso central pode condicionar alterações cerebrais irreversíveis a longo prazo”, adianta Rosalina Barroso, neonatologista responsável pela Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais do Hospital Doutor Fernando Fonseca, na Amadora.

Todos os anos, na Europa, mais de 500 mil dos nascimentos são prematuros. Em todo o mundo, o número sobe para cerca de 15 milhões, o que equivale a um em cada dez bebés. Em Portugal, cerca de 8% dos bebés nascem antes do tempo. Os avanços tecnológicos aliados ao conhecimento científico têm permitido a sobrevivência de recém-nascidos de idades gestacionais cada vez mais baixas. A redução da morbilidade é um dos objetivos em neonatologia.

Os recém-nascidos prematuros necessitam de cuidados especiais. A nutrição é um dos mais importantes. Até porque esses bebés não tiveram a oportunidade de completar todo o processo de maturação biológico dentro do útero da mãe.

A taxa de mortalidade neonatal é de 1,8 em 1000 nados vivos, o que coloca Portugal bem posicionado, no 9.º lugar entre 162 países

A alimentação de quem nasce antes do tempo é crucial. “O objetivo da nutrição neonatal no bebé prematuro é o de proporcionar os nutrientes necessários a um crescimento (semelhante ao observado na vida intrauterina) e desenvolvimento adequados”, refere a especialista. Nos primeiros dias de vida, um recém-nascido pré-termo, com idade gestacional abaixo das 32 semanas, não possui a capacidade de nutrição entérica total, sendo habitualmente alimentado por via intravenosa através de nutrição parentérica.

Rosalina Barroso explica que a nutrição parentérica é muito importante nos bebés prematuros, uma vez que é no terceiro trimestre da gravidez que ocorre grande transferência de nutrientes para o feto. “É um procedimento seguro e deve iniciar-se precocemente (logo após o nascimento), caso a via entérica não seja possível.”

As bolsas de nutrição parentérica, que podem ser preparadas industrialmente ou na farmácia hospitalar, contêm os nutrientes necessários adaptados às necessidades do recém-nascido prematuro, como proteínas, lípidos, hidratos de carbono, vitaminas, oligoelementos. Desta forma, é possível fornecer “os macro e micronutrientes essenciais ao crescimento e quanto melhor for a qualidade da nutrição parentérica, mais segura e eficaz se torna esta forma de tratamento, fundamental enquanto não é possível usar a via entérica”.

“A introdução atempada de nutrição parentérica minimiza a perda de peso, melhora o crescimento e o neurodesenvolvimento e alguns estudos indicam que permite reduzir o risco de mortalidade e os resultados adversos. O aporte proteico e de energia adequados particularmente na primeira semana de vida também estão associados a um melhor prognóstico do ponto de vista cognitivo e neurológico”, conclui a neonatologista.