Como pode uma geração ser saudável?

Texto de Sara Dias Oliveira

É um projeto de proximidade e de intervenção comunitária e a escola surge como parceiro por ser um espaço de intervenção preferencial para ações de promoção da saúde e prevenção da doença em crianças e jovens, mas também pela sua capacidade de envolver as comunidades locais. “Nos jovens, existe uma dificuldade em compreender que os seus comportamentos e escolhas têm consequências na sua vida futura. Deste pressuposto, advém a extrema importância da compreensão do conceito de prevenção de doença e promoção de saúde e a consciencialização de que todos os hábitos que temos, sejam eles bons ou maus, terão um reflexo na nossa vida futura”, refere Luís Lourenço, presidente da direção da Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos.

O Projeto Geração Saudável terminou o ano letivo com mais de 16 mil jovens, 850 professores e encarregados de educação, mais de 600 sessões de formação e consciencialização, em cerca de uma centena de escolas do país. Os objetivos deste projeto focam-se na educação e promoção da saúde junto das faixas etárias mais novas, estimulando a adoção de hábitos mais saudáveis e alertando para as patologias associadas a estilos de vida mais sedentários. As problemáticas das dependências e comportamentos aditivos e do uso responsável do medicamento também fazem parte da iniciativa desenvolvida pela Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos, desde 2012.

“O papel do farmacêutico na sociedade também foi um tema abordado nestas sessões, pois é necessário olhar para estes profissionais de saúde como intervenientes ativos na saúde pública, próximos das comunidades, e alguém a quem se pode recorrer”, realça luís Lourenço

As informações transmitidas aos mais novos são importantes. “O conhecimento é o início para a mudança de comportamentos. A envolvência da comunidade em torno destas problemáticas garante que serão trabalhadas nas diferentes fases do percurso de vida, desde a conceção ao envelhecimento e em diversos contextos de intervenção – como, por exemplo, a escola”, acrescenta o responsável.

As atividades são pensadas para transmitir conhecimentos e reter a atenção. Jovens farmacêuticos e estudantes do mestrado integrado em Ciências Farmacêuticas dão as formações às crianças e jovens, com o apoio, sempre que possível, de um autocarro interativo e de uma mascote, o GS. O público-alvo são os alunos do 2.º ciclo, dos nove aos 13 anos, com integração pontual de alunos do 1.º e 3.º ciclos. Professores, familiares e a população são um público-alvo secundário.

Os formadores recebem formação prévia constituída por uma componente técnico-científica e uma parte prática de competências pessoais

Luís Lourenço explica que a preparação prévia de todos os envolvidos é importante para que estejam habilitados a responder a todas as questões, mas também para dinamizar sessões interativas e dinâmicas. “Na abordagem às diferentes temáticas são explicados todos os conceitos essenciais para a compreensão global das mesmas. Por exemplo, o que é a insulina, a definição de glicemia, como são constituídos os medicamentos, a diferença dos medicamentos genéricos dos medicamentos de referência e o que são substâncias aditivas. São ainda abordadas informações úteis para o seu dia-a-dia e para a vida adulta, tais como os sinais e sintomas de uma hipoglicemia, como podem auxiliar uma pessoa que desmaie ou como devem armazenar os seus medicamentos”, especifica.

“O fundamental a ser retido pelos jovens, além de todos os conceitos básicos das diversas temáticas implementadas, é a ideia de que as suas ações e comportamentos têm impacto e consequências na sua saúde e também na saúde daqueles que os rodeiam”, reforça.

O arranque de mais um ano letivo já está a ser preparado em todo o país. O uso responsável do medicamento, a diabetes e as dependências e comportamentos aditivos mantêm-se no programa das atividades. “Conseguimos compreender que existe uma grande vontade dos diferentes agrupamentos escolares de ver abordadas estas temáticas.” No ano 2019-2010, pretende-se alcançar o marco dos 100 mil alunos. “Além disso, compreendemos que o crescimento do projeto implica que possa ser dinamizado pelas comunidades, nas comunidades. Os farmacêuticos são um agente ativo preponderante para esta ação. No futuro, temos a certeza de que a Geração Saudável continuará a integrar mais pessoas e a impactar diferentes gerações”, adianta Luís Lourenço.

Desde o seu início, há sete anos, o Projeto Geração Saudável já realizou mais de 450 visitas a escolas, envolveu cerca de 92 mil alunos e mais de 4 200 professores em todo o território continental e Regiões Autónomas. “O sucesso alcançado durante este período apenas foi possível graças à dedicação e esforço de mais de 300 jovens farmacêuticos e estudantes de ciências farmacêuticas, como formadores do projeto”, conclui o presidente da Direção da Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos.