Brincadeira de mau gosto mata inocente e vale 20 anos de prisão

Texto de Filipa Neto

Embora SWAT e “swatting” sejam palavras parecidas, o significado e o peso de cada uma é bastante diferente. Este estrangeirismo provém da palavra SWAT, que dá nome às forças especializadas de segurança americanas, altamente treinadas e disciplinadas. Para uma melhor compreensão, o corpo policial de intervenção portuguesa poderá ser equiparada a estas unidades.

Mas, afinal, o que é “Swatting”? Tudo isto não passa de uma brincadeira de mau gosto, que provém maioritariamente de youtubers e jogadores de videojogos. Alguns dos jogadores do tão famoso jogo “Call of Duty” já estiveram ligados a esses casos. A ação começa por uma chamada de emergência reportando que algo de muito grave aconteceu ou está a acontecer, como, por exemplo, fingir que alguém está refém dentro de casa, que houve um tiroteio ou até mesmo uma ameaça de bomba.

Sem saber o que está verdadeiramente a acontecer, uma equipa de polícia de segurança máxima entra em ação, dirige-se de imediato ao endereço indicado e invade a casa da vítima, pensando que algo de verdadeiramente grave ocorreu. Logo aí apercebe-se que não passou de uma piada, que, para o FBI, não tem graça nenhuma.

O departamento de investigação já havia alertado para a existência destes episódios em 2008, mas nada foi feito para que essas mentiras terminassem. Passados nove anos, houve um caso realmente grave que levou à morte de um inocente. Tyler Barriss, residente em Los Angeles, ligou para a polícia, após estar envolvido numa disputa com outros jogadores durante uma batalha de tiros, mais uma vez no no jogo “Call of Duty”.

Afirmou que tinha disparado contra o pai e que mantinha a família como refém, sendo que na verdade só entrou em conflito com os colegas e decidiu vingar-se. Acontece que a morada que forneceu à equipa de emergência nada tinha a ver com a de qualquer um dos jovens envolvidos na rixa virtual. Na verdade, o endereço indicado era do Kansas, casa do jovem Andrew Finch, 28 anos, que acabou morto por um polícia, por não cumprir a ordem de manter as mãos no ar.

O autor da tragédia foi agora condenado a 20 anos de prisão e declarado culpado de diversos casos como este, incluindo um em que afirmou a existência de uma ameaça de bomba no FBI. Para os jogadores, tudo não passa de uma partida, mas, para as forças especiais, coloca em risco as vítimas, a polícia e até mesmo a população envolvente, já que afasta as equipas dos casos reais que possam ocorrer.