“Assim que arrive at Portugal aprendi a dizer Thank you and cunha”

Notícias Magazine

Olá, hoje, nas nossas entrevistas que nunca fiz, tenho comigo a rainha da pop, que, apesar do nome, que pode remeter para a monarquia, não tem ligações familiares com ninguém do Governo e, no entanto, tem conseguido obter quase tudo o que quer. Olá, Madonna.
Olá, John Quadros.

Muito bem, já dominas umas palavras em português.
Verdade, assim que arrive at Portugal aprendi a dizer thank you and cunha.

Ilustração: Mafalda Neves

Fizeste bem. Esquece o like a virgin que aqui em Portugal isso só funciona com Fátima. Queres uma casa fixe, onde pôr os teus carros, tens que perder a parte santa. Não podes ter a santa paciência que nós temos para lidar com a burocracia, a EMEL, etc. Tens de te impor.
Foi o que me disse my agente. Em Portugal só somos gente com um bom agente.

E tem razão. Não podes é exagerar. Bem sei que, segundo a tua lógica, já fizeste muito por este país. Não fosses tu teres vindo morar para cá e nunca tínhamos descoberto o caminho marítimo para a Índia e outras cenas.
Eu pensei que o facto de o meu filho jogar no Sport Lisbon and Benfica dava para fazer tudo, inclusive o que a lei não permite.

Em princípio sim, mas tentar pôr um cavalo dentro de um palacete seiscentista é um exagero. Se o palácio tivesse uma porta 18 dava para meteres o que quisesses lá dentro. Inclusive um cavalo. Assim dá um bocado de estrilho.
Estou very arrependida de ter vindo para Portugal.

Ao menos vieste por vontade própria. Olha para o Rui Pinto, que era o rei dos piratas lá fora e agora é tratado como um ladrão de latas de atum em vez de um banqueiro. Mas isto do cavalo foi um exagero da tua parte.
A horse is just a horse.

Eu sei. Mas há limites para a nossa burrice. Uma coisa é quereres fazer um banquete no Panteão, outra é enfiar um cavalo vivo num palacete seiscentista. Se ainda fosse às postas, tudo bem. Uma coisa é o Medina arranjar um local para estacionares os teus quinze automóveis com centenas de cavalos, outra é fazeres de um palácio uma cavalariça.
Mas se o cavalo estragasse o chão eu pagava.

Tudo bem. Mas se o chão estragasse o cavalo tinhas de levar com o PAN. Imagina que o chão cedia e o cavalo partia uma pata e tinha de ser abatido. Nunca mais estavas sossegada, tinhas o IRA à tua perna.
Há limites para a minha paciência, não me chega o desconto nos impostos, a facilidade em ter um visto e o estacionamento. Estou farta, vou fazer as malas e vou-me embora.

Fazes bem. Aproveita e leva contigo a saudade que é uma coisa tão portuguesa.