Artista de dois anos vende pinturas abstratas por mais de mil euros

Texto de Filipa Neto

Lola June é americana, tem dois anos e foi descoberta, na sala da própria casa, pelo artista Pajtim Osmanaj, amigo da mãe Lucille. Enquanto os dois jantavam, Lola estava a pintar com uns marcadores numa folha branca de papel, mas o artista imaginou que poderiam ser composições abstratas deslumbrantes.

Na semana seguinte, Pajtim voltou a casa da família June e levou-lhe umas canetas de pintura para profissionais, só que a oferta foi rejeitada por Lucille, argumentando que a filha era apenas uma criança que gostava de fazer desenhos. Pajtim não desistiu e voltou uma terceira vez, com tintas acrílicas e uma tela. Naquele dia, a pintura durou 15 minutos. A menina ficou de tal maneira encantada que pintar com o artista transformou-se num passatempo regular.

Três meses depois, Sana Rezwan, colecionadora de arte e membro do Museu Metropolitano de Arte, em Nova Iorque, encontrou no estúdio de Osmanaj uma das obras de Lola encostada num canto. Nem pensou duas vezes. Quis comprar a pintura, oferecendo-lhe 625 euros.

Passados dois meses, Pajtim desafiou a galeria ChaShaMa a expor os trabalhos da artista de palmo e meio. E a resposta, afirmativa, surgiu de imediato. Lola, pelo contrário, quando viu os quadros a serem levados de casa, não gostou da ideia. “As pinturas tornaram-se minhas amigas”, disse. Osmanaj afirmou que as pinturas faziam lembrar-lhe o pintor americano Cy Twombly e deixou uma questão: “Será que está a tentar copiar os grandes artistas ou são eles que tentam ser crianças?”.

Lucille mostra-se orgulhosa da filha, que, com apenas dois anos, apresenta a primeira exposição. “Hope” conta com 37 obras de Lola. Doze já foram vendidas, e uma delas por 1400 euros.