António Manuel Ribeiro: “Sou mandão. As coisas têm de estar à minha maneira”

Foto: Reinaldo Rodrigues/Global Imagens

Por Ana Tulha

Vejo bem… Sou uma pessoa muito organizada. Até porque sou sócio-gerente da empresa que gere a vida dos UHF e tudo passa por mim. Tenho de ser organizado e disciplinado. Sou muito calmo perante a tragédia. Há uns tempos dei com um acidente na autoestrada, parei o carro, liguei para o 112 e fui eu que fiquei a tratar das pessoas. Não consigo ver uma seringa a entrar na minha veia, mas se vir alguém a sangrar, sou o primeiro a ajudar. Sou convicto. Estudo bem o assunto e, quando avanço, avanço com muita calma, para ser eficaz. Para chegar aos 40 anos de carreira é preciso ter convicções. Não tenho medo. Medo físico. Vivi um caso de stalking, fui ameaçado de morte, mas continuei a viver a minha vida. Viver debaixo de medo não me passa pela cabeça.

Vejo mal… Acho que ser perfecionista é o meu principal defeito. Às vezes sinto que há dentro de mim um policiazinho a pedir mais e melhor. É terrível, porque é uma perseguição que faço a mim próprio. Quando estou em estúdio, por exemplo, e não gosto da forma como uma frase está interpretada, repito até sair bem. Sou mandão. As coisas têm de estar à minha maneira. Na sala de ensaios, proibi os telemóveis. No fundo, sou muito disciplinado e exigente. Se isso for um defeito… Podia correr todos os dias e não o faço. Vivo ao pé da praia e todos os dias prometo que vou correr uma horinha antes de ir trabalhar… mas nunca o faço. Registo no Outlook e tudo e depois não vou. Faço promessas a mim mesmo e não cumpro. É como quando prometo que vou ter férias…

Músico
64 anos