Animais: grandes remédios que são grandes males

Texto de Cláudia Pinto

Alguns produtos são autêntico veneno para os animais e mesmo que pareçam inócuos, podem transformar-se em perigo iminente. O mais dramático é que nem sempre os donos têm esse conhecimento e, mesmo que inconscientemente, acabam por ser facilitadores do seu acesso.

“Todos os medicamentos de venda livre têm um risco potencial. Dentro destes, os anti-inflamatórios são particularmente perigosos porque são usados de forma liberal, e por vezes excessiva, pelas próprias pessoas. São muito tóxicos e até mesmo mortais, sobretudo para cães”, alerta Teresa Teigão, médica veterinária clínica de pequenos animais.

Há ainda outros fármacos que são altamente proibidos. No topo da lista estão “comprimidos para dormir, antidepressivos, medicamentos para o coração e hipertensão, para a tiroide e para a hiperatividade das crianças”.

Do ponto de vista não farmacológico, há também alimentos tóxicos para algumas espécies, como o chocolate, o café e o abacate. O mesmo se aplica a artigos de limpeza e plantas ornamentais. “Em relação às últimas, o que faço enquanto tutora de quatro gatos é não as ter dentro de casa”, esclarece a médica veterinária.

Um dos grandes problemas surge quando os tutores não conseguem associar a toma de um paracetamol ou anti-inflamatório, por exemplo, com os sintomas que o animal apresenta, destaca Teresa Teigão.

“Eles pensam que o animal piorou da condição que os levou a dar o ibuprofeno ou o paracetamol e não da toma do mesmo. Às vezes nem referem ao veterinário que deram anti-inflamatório e depois fica tarde de mais.”

Uma nota ainda para as intoxicações por produtos antiparasitários em gatos: só pode dar a felinos produtos próprios para os mesmos. “Os antiparasitários de cão são muito tóxicos para os gatos.”

Nunca usar a receita da vizinha

Em caso de dúvida, aconselhe-se sempre com o médico veterinário. “Se sabe que dá ao seu filho um medicamento distinto do seu, considere que a diferença para o seu cão ou gato é ainda maior. Não pode dar o mesmo medicamento com uma dose inferior porque o organismo do animal não funciona da mesma forma que o seu”, avisa a clínica veterinária.

A aposta na prevenção é sempre a melhor alternativa. Caso não vá a tempo, se percebeu que o seu animal ingeriu algo tóxico ou se notar alguma sintomatologia fora do normal, não espere e dirija-se, o mais rapidamente possível, a um médico veterinário. Não se esqueça de levar a embalagem respetiva. Em alternativa, contacte gratuitamente o Centro de Informação Antivenenos – 800 250 250 – para perceber se deve administrar de imediato alguma medida de primeiros socorros.

Lembre-se: “Nunca deve usar a receita da vizinha”. No caso de não conseguir evitar, uma rápida intervenção pode ser a diferença entre a vida ou a morte do seu animal de companhia.