Apesar dos seus (apenas) dois anos, Gabriel já viajou para diversos continentes. A estreia aconteceu aos três meses de vida e os destinos que já conheceu vão desde Espanha, Rússia, Malásia, Singapura, Cuba, a México e Jamaica.
A mãe, Diana Quintela, garante: “Tem sido uma boa experiência, correu sempre tudo muito bem.” No entanto, os comentários mais alarmistas e críticos não se fizeram esperar por parte de pais mais inseguros que não se aventuram para tão longe com os pequenos. Por estes dias, a família estará numa nova viagem, à Finlândia e à Noruega.
Sempre que optaram por países tropicais, a consulta do viajante foi também uma opção. Desde que o pediatra não veja entraves e se o estado de saúde da criança o permitir, Diana considera que basta “ser prático e descomplicar” e não vê motivos para deixar os filhos de fora.
Segundo Arlete Neto, médica pediatra da Clínica da Mãe e da Criança, em Lisboa, deve evitar-se viajar de avião com os filhos no caso “dos recém-nascidos prematuros ou com idade inferior a quatro semanas e nas crianças com doença aguda ou crónica”.
O melhor é falar sempre com o médico assistente “para avaliar o estado de saúde da criança e o respetivo boletim de vacinas”.
Diogo tem cinco anos e começou a viajar aos dois. O primeiro destino foi Luanda, seguindo-se Madrid, Ibiza e Lyon, nos anos seguintes. Nas viagens longas, a mãe, Andreia Vieira, recomenda o horário noturno. Arlete Neto considera essencial “não alterar as rotinas e respeitar os horários de sono” dos bebés e das crianças.
Maria Leonor também tem dois anos e já conta com três viagens na sua história de vida. Tudo começou aos 11 meses, numa ida à Madeira.
Seguiu-se uma viagem a Roma, aos 16 meses, e aos Açores, antes de fazer dois anos. “Durante os voos, a Leonor gosta de alternar entre colos e agora também entre a cadeira vazia que, com sorte, nos calha ao lado. No entanto, estou curioso para perceber como será a próxima viagem, pois vai passar a ocupar um lugar como todos os outros passageiros”, diz o pai, Martim [até aos dois anos, as crianças viajam ao colo dos pais].
O casal partilha estas e outras aventuras com a filha no blogue “Agora Nós os Três”, até para incentivar outros pais que estejam indecisos em levar os filhos a viajar de avião.
Acaba por ser benéfico antecipar a viagem e ter em conta certos cuidados que farão toda a diferença no momento de partir.
Andreia considera esse trabalho “pré viagem” essencial e procurou sempre fazê-lo adaptando-o à idade do Diogo. “De forma simples, fui-lhe falando sobre o assunto, mostrei imagens, fazia brincadeiras de forma entusiasta para que não fosse apanhado de surpresa quando chegasse o grande dia.”
A partir dos quatro anos, e porque já tinha um entendimento diferente, a mãe passou a incutir-lhe algumas tarefas. “Fui com ele escolher o trólei e dei-lhe a responsabilidade de ser ele escolher os brinquedos, a guardar as coisas e a transportar a sua mala na viagem”, conta.
Ana e Martim já conseguem comparar as várias experiências. Aos 11 meses, o percurso foi passado a dormir, mas na viagem mais recente, aos Açores, não pregou olho. “Passou o tempo todo a cantar, a olhar para as nuvens e a tentar meter conversa com outros passageiros. A Leonor é uma criança que se deslumbra com pouco, pelo que só o simples facto de ver o avião na pista a deixa feliz”, conta a mãe.
E se viajar com um filho de avião pode ser um desafio, ir com dois acarreta uma logística a dobrar. Renata Pinto e o marido João Marmelo viajaram duas vezes de avião no ano passado com os filhos Duarte e Afonso, hoje com seis e dois anos, respetivamente. Destinos? Porto Santo e Paris.
A mochila nas costas assegurou os básicos e as malas de quatro rodas foram para o porão. “O mais velho já empurra a sua e o meu marido leva as outras”, explica.
Foi nessa aventura a quatro que Duarte se estreou nas pastilhas elásticas para não sentir qualquer incómodo nos ouvidos. Durante o voo, quando o alerta de segurança não está aceso, Renata opta por andar de um lado para o outro no avião. “Eles adoram”, conclui.