Texto de Alexandra Tavares-Teles
“Um reitor dos tempos modernos”, ouve-se do lado dos estudantes. Daniel Azenha, 24 anos, aluno de Geografia Humana e presidente da Direção da Associação Académica de Coimbra (AAC), descreve o professor preocupado em consciencializar a universidade para os problemas de hoje. O reitor “afável”, no entanto “muito assertivo”, pouco preocupado com o que dele se possa dizer, nada tolhido na ação pela crítica, seja mais ou menos violenta.
De personalidade pragmática, “acima de tudo interessado no cumprimento de objetivos”, reforça Margarida Mano, é antes de mais “um fazedor”. “Uns valorizam o percurso, o caminho. Nele, a grande preocupação é o cumprimento dos objetivos, a obtenção de resultados”, diz a antiga vice-reitora e ex-ministra da Educação e Ciência do último governo de Passos Coelho, que durou menos de um mês e antecedeu a “geringonça”. Dos anos em que coincidiram na reitoria guardou uma certeza: “Não esperem dele que diga o que gostariam de ouvir”.
A colegialidade faz parte do mundo académico, meio de equilíbrios difíceis em que é “preciso ouvir”. Certo, “desde que leve a carta a Garcia”, contrapõe Mano.
O reitor não é, porém, insensível à polémica. Nomeadamente, a que lhe caiu em cima neste mês de setembro, com o anúncio da decisão de banir a carne de vaca das cantinas da Universidade de Coimbra (UC), “medida que não resolve todos os problemas da universidade, mas é fator de consciencialização”, defende Daniel Azenha, confirmando a consulta prévia do reitor à ACC. “Não o movem questiúnculas nem assume medidas para ser moderninho”, garante Margarida Mano.
Amílcar Falcão não é de meias medidas, natureza arrebatadora que o levou a construir carreira reconhecida. Doutorado em Ciências Farmacêuticas pela UC, instituição na qual é professor catedrático (desde 2007), tem mais de 230 artigos científicos em revistas indexadas com um número de citações acumulado superior a cinco mil e larga experiência na supervisão de trabalhos de investigação.
É convidado regularmente a desempenhar a função de reviewer, e faz parte do corpo editorial de várias revistas científicas. Investigador premiado nacional e internacionalmente, participou na obtenção do primeiro medicamento radiofarmacêutico desenvolvido e registado em Portugal, assim como medicamentos para a epilepsia e para a Doença de Parkinson, já comercializados no Mundo.
Luís Portela, presidente da farmacêutica BIAL, realça “a dedicação, o elevado sentido de responsabilidade, a facilidade de trato e a disponibilidade com que colaborou na busca e concretização das novas soluções terapêuticas do grupo”, ao qual o reitor da UC está ligado desde 2000, na qualidade de consultor em farmacocinética.
Nascido na Nazaré há 55 anos, Amílcar Falcão vive em Cantanhede. Tem rotinas desportivas (praticante de ténis e de padel, modalidade em que é vice-campeão nacional de veteranos e sexto do ranking nacional acima dos 35 anos) e, diz quem o conhece, sentido de humor apurado. Porém, não é pessoa de piadinhas. Para este perfil, não quis prestar testemunho. Fica assim sem se saber se concorda com os que afirmam que fosse a medida de uma universidade da capital e a reação à mesma teria sido diferente.
Cargo: Reitor da Universidade de Coimbra
Nascimento: 22/05/1964 (55 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Nazaré)