A Celeste que encheu a revolução de cravos

Os cravos eram para a festa de aniversário do Franjinhas, o primeiro self-service de Lisboa, mas acabaram nas espingardas dos soldados. O símbolo que imortalizaria o dia 25 de Abril de 1974, em todo o Mundo, “como a Revolução dos Cravos”, partiu de um encontro casual, à esquina do Rossio, entre Celeste Caeiro e um grupo de soldados.

A mulher, então com 40 anos, empregada do restaurante, levou as flores para casa quando o patrão lhe disse que naquele dia “não se trabalhava, porque estava em marcha uma revolução”, recorda, hoje, sentada num banco do Largo do Carmo. O mesmo onde há 45 anos assistiu, com uma “alegria sem fim”, ao triunfo das tropas de Salgueiro Maia e à prisão de Marcelo Caetano.

“Um soldado pediu-me um cigarro, mas eu não tinha. Nunca fumei. Dei-lhe um cravo, que ele pôs no cano da espingarda. Um colega fez o mesmo, depois os outros imitaram-nos. Dei os cravos todos”, conta à “Notícias Magazine”, sustendo, a custo, as lágrimas. “É a emoção pela liberdade. Foi o dia mais feliz da minha vida. Foi muito bonito.”

Foto de Gonçalo Villaverde, tirada com uma câmara de 1974.