“Um país com o formato de uma bota foi feito para mim”

Notícias Magazine

É com uma honra do tamanho do mundo que hoje tenho comigo, nesta entrevista que nunca fiz, Cristiano Ronaldo! Este ponto de exclamação não tem nada a ver com surpresa. Eu é que acho que Cristiano Ronaldo devia andar sempre acompanhado de um ponto de exclamação. Olá Cristiano, como se sente depois de o seu passe ter sido vendido do Real para a Juventus por menos do que ganha o Mexia, por mês, na EDP?
Se fiquei chateado? Fiquei. Cem milhões pelo meu passe?! Nunca pensei, é o tipo de negócios que, imagino, só seriam possíveis se Sousa Cintra fosse presidente do Real Madrid.

Para mim é um alívio vê-lo fora do Real Madrid. Já não aguentava fingir que gostava daqueles espanhóis. Acho que a sua decisão provocou uma revolução, uma espécie de sair do armário em termos de clubite. Finalmente, muitos portugueses podem confessar que aquela não era a equipa deles, e assumir, que nunca gostaram do Real Madrid.
Eu tenho muito respeito pelo Real Madrid.

Ilustração: Marco Mendes

Claro. E acho muito bem que não tenham feito uma cerimónia de despedida. Depois dos três golos à Espanha no Mundial, para bilhete de despedida não havia muito a acrescentar.
Passado é passado, agora o que interessa é olhar o futuro, e o meu futuro é a Juventus.

O meu também. Com o que se passa no Sporting, etc., é onde eu me vou concentrar. Mas esta mudança para Itália, como vai ser? A língua é fácil. É aprender umas palavras e depois dar a tudo um certo tom de engate. Também é importante mexer as mãos enquanto se fala – foi por isso que o Rui Patrício não se mudou para o Nápoles.
Eu vou adorar Itália. Muita cultura, muita massa, muitos hidratos de carbono. Um país que tem o formato de uma bota foi feito para mim.

É um país romântico no bom sentido. Se não tem cuidado, em três anos em Itália, sai de lá com seis filhos. Eu sou fã da Juventus desde os tempos do Antonio Cabrini e do Platini, quando ele ainda ganhava pouco dinheiro com o futebol. Ver Cristiano Ronaldo na Vecchia Signora, para mim, é a única boa notícia em termos de futebol nos últimos meses.
Ficou surpreendido com a minha transferência para a Juventus?

De certa forma fiquei. Não esperava. Estava convencido que depois de Nani e do regresso de tantos jogadores, Sousa Cintra ia convencê-lo a regressar ao Sporting.