Um lenço que é muito mais do que um lenço

Texto de Pedro Emanuel Santos

A ideia é solidária e foi lançada pela Parfois, marca portuguesa de acessórios femininos, para apoiar o Instituto Português de Oncologia (IPO). O objetivo é que a 19 de outubro todos usem um lenço na cabeça. Não um lenço qualquer, mas um que lembre que há mulheres com cancro da mama que atravessam momentos delicados e precisam de um gesto forte que lhes demonstre apoio. E que há uma doença que pode deixar marcas – físicas e na autoestima – em quem bravamente a combate.

O projeto chama-se “Butterfly Effect” (Efeito Borboleta), a teoria científica que garante que um pequeno gesto pode ter um grande impacto global. Quem nunca ouviu que o bater de asas de uma borboleta no Japão é razão para uma tempestade do outro lado do planeta? Foi pensado pela Parfois para apoiar o IPO, que irá receber 100% das receitas conseguidas com a campanha, as quais serão depois distribuídas pelas delegações de Lisboa, do Porto e de Coimbra. E tem como contexto o Dia Mundial do Cancro da Mama, que se assinala, precisamente, no dia 19.

Os lenços podem ser comprados em qualquer loja da Parfois – e são dezenas, de norte a sul ou através do site butterflyeffect. Há dois modelos, ambos com padrões coloridos, com o preço de 19,90 e de 9,90 euros, dependendo do tecido.

“Um pequeno gesto pode ter um grande impacto. E o uso generalizado de um lenço na cabeça é uma demonstração incrível de empatia e de solidariedade, uma forma de combater os estigmas com que muitas vezes as mulheres com cancro da mama se debatem”, define Susana Coerver, diretora de marketing da Parfois.

Tais estigmas prendem-se com a consequência mais visível exteriormente para os doentes com cancro que enfrentam o tratamento de quimioterapia: a queda do cabelo. O uso de lenços pelas mulheres foi das formas desde sempre por elas encontradas para contornar um período em que o diálogo com o próprio corpo por vezes atinge picos difíceis de lidar. Em que olhar o espelho pode ser tarefa ingrata e sair à rua tortura motivada pelo receio do alcance de olhares alheios.

O ideal é que sejam finos, de materiais como seda, cetim ou algodão, que protejam do frio e não causem transpiração em dias de mais calor. Finos, mas resistentes, que não escorreguem da cabeça com facilidade mas também não a comprimam. E com tamanho suficiente para que possam ser utilizados de várias formas e combinações, para que não se tornem monotónos.

Laranja Pontes, presidente do Conselho de Administração do IPO-Porto, acredita que “iniciativas interessantes” como a lançada pela Parfois “fazem a alegria de minorar o impacto transitório nas mulheres com cancro da mama”.

Esse tipo de tumor é, de longe, o que mais afeta o sexo feminino: 29% dos casos, segundo dados do Registo Oncológico Regional do Norte (Roreno). Seguem-se os do cólon (10,1%), da tiróide (8,2%) e do estômago (7,1%). E outubro é mês de o lembrar, com inúmeras iniciativas de sensibilização para esta e outras causas.