Texto Ricardo J. Rodrigues | Fotografia Arquivo JN
«Resolveu‑se um dos mais prementes e embaraçosos problemas de trânsito do centro do Porto», anunciava o Jornal de Notícias em março de 1964.
A inauguração das passagens subterrâneas na Praça de Almeida Garrett, mais conhecida pelo nome de São Bento, tinha convocado uma verdadeira multidão ao coração da cidade.
Assim que o presidente da câmara, Nuno Pinheiro Torres, atravessou o túnel, foi a vez de a população o fazer. E aí começou o caos. «Pouco depois da abertura das passagens chegou a julgar‑se que haveria um grande abaixamento do volume de trânsito.»
«Mas, o que na verdade aconteceu, foi formar‑se uma fila ainda maior de carros, tamanha a massa de gente e automóveis que ali quis passar no primeiro dia.»
O túnel custou em 1964 nove mil contos à câmara do Porto. Hoje, seriam 3,657 milhões de euros.
A verdade é que esta era apenas uma parcela de um projeto que queria rasgar os acessos ao que hoje é a Avenida dos Aliados.
Construíam‑se novas estradas e túneis, alargavam‑se vias, levantavam‑se bairros para acolher a vaga populacional que fugia da pobreza no interior do país e ou dele saía para o estrangeiro ou se concentrava no litoral.
Nunca, aliás, o Porto tinha sido tão habitado como nessa década. Os censos de 1960 apontam uma população na cidade de 303 424. Hoje, não são mais de 237 591 habitantes.