Tudo o que precisa de saber sobre o sarampo

Texto de Sara Dias Oliveira | Fotografia Shutterstock

O sarampo espalha-se com facilidade. Por gotículas. A transmissão é direta, por tosse, espirros, fala ou respiração. E quando se pensava que a doença estava adormecida, até mesmo extinta, eis que desperta e entra em Portugal. Em abril do ano passado houve um surto, agora outro.

A doença altamente contagiosa está de volta e a dar muitas dores de cabeça em Portugal e na Europa. «Ataca com a mesma virulência, o vírus faz o seu papel, dissemina-se para continuar a sobreviver», adianta Rui Sarmento, diretor do Serviço de Doenças Infeciosas do Centro Hospitalar do Porto.

O sarampo é uma das infeções virais mais contagiosas. Habitualmente não dá complicações, mas dando pode tornar-se uma doença grave. Se complicar o sistema respiratório pode provocar uma pneumonia ou até mesmo uma infeção no cérebro.

«Os problemas são sobretudo respiratórios, pneumonias, ou alterações do sistema nervoso central», diz o médico Rui Sarmento. E podem ou não ser mortais. A média mostra que em 100 casos de sarampo, um poderá ter um desfecho fatal.

As pessoas vacinadas ou que já tiveram sarampo podem, em princípio, estar descansadas. Estão imunes. As restantes têm de estar atentas. «Há situações em que o sarampo poderá ser mais grave, em imunodeficiências e em neoplasias em fase avançada, em que o próprio organismo não reage ao ataque do vírus».

Assim a doença pode ser grave, por exemplo, em pessoas infetadas com o VIH, com o sistema imunitário mais debilitado. «Os problemas são sobretudo respiratórios, pneumonias, ou alterações do sistema nervoso central», refere o especialista Rui Sarmento. E podem ou não ser mortais. A média mostra que em 100 casos de sarampo, um poderá ter um desfecho fatal.

Os sintomas estão identificados: febre, tosse, corrimento nasal, olho vermelho e manchas avermelhadas que começam na cara e descem pelo corpo até aos pés. Há ainda manchas, pequenos pontos brancos, que aparecem nos primeiros dias na parte de dentro da boca, no interior das bochechas junto aos molares.

Rui Sarmento, DIRETOR DO SERVIÇO DE DOENÇAS INFECIOSAS DO CENTRO HOSPITALAR DO PORTO, não tem dúvidas: A vacinação é a melhor forma de prevenir o sarampo.

A DGS este ano como no ano passado alerta para a importância da vacinação. As vacinas são gratuitas e as crianças devem ser vacinadas contra o sarampo aos 12 meses com reforço da dose aos cinco anos, segundo o recomendado no atual plano de vacinação. As que não foram vacinadas de acordo com o atual programa, podem fazê-lo entre os 11 e os 13 anos.

«Nos últimos anos, tem havido por parte de algumas famílias a ideia que as vacinas podem ser prejudiciais para as crianças. A vacinação, num ou noutro caso, pode ser um problema, mas o que se consegue com a vacinação é muito mais do que o risco que se pode correr com as vacinas», avisa o médico.

Rui Sarmento não tem dúvidas. A vacinação é a melhor forma de prevenir o sarampo e se o número de casos continuar a subir a DGS deve, na sua opinião, insistir nesta matéria. «Quem está imunizado não terá esse problema. Quando não havia um plano de vacinação muitas crianças eram infetadas, chegavam à idade adulta e já estavam imunizadas», diz.

Nunca se pode afirmar que uma doença está erradicada enquanto não houver a certeza absoluta que ela deixou de existir em todos os cantos do mundo e para sempre, diz Rui Sarmento.

Os dias do sarampo estão contabilizados. Depois do contacto com alguém infetado, surgem os sintomas. O período de incubação é de 10 a 12 dias. Depois o corpo sente uma espécie de gripe com febre alta, tosse, olhos vermelhos, corrimento nasal. Três ou quatro dias depois, manchas avermelhadas na cara que vão descendo e pintando o corpo. As manchas não têm prurido, nem provocam comichão, e demoram cerca de uma semana a desaparecer.

Não há um tratamento específico, nem pomadas para as manchas. «É o próprio organismo que vai resolver o problema. Uma semana depois das manchas, começa tudo a desaparecer e a criança recupera totalmente. Se não houver nenhuma complicação, não há tratamento», explica Rui Sarmento. Baixa-se a febre, reforça-se os líquidos na alimentação. Tratamento à medida dos sintomas. Das dores de cabeça, da falta de apetite, da sonolência.

Haverá casos que necessitem de internamento e de isolamento e, por isso, é importante evitar o contacto com os não imunizados. «Alguém trouxe o sarampo para Portugal, já não tínhamos casos há muitos anos, e é muito fácil disseminar o vírus»

Se houver complicações, a conversa é outra. «O vírus ataca, diminuiu as defesas do organismo, se não há uma resposta adequada à virulência criam-se condições para criar bactérias nos pulmões, por exemplo». E aparece uma pneumonia que tem de ser tratada com antibióticos e que pode ou não ser mortal.

Haverá casos que necessitem de internamento e de isolamento e, por isso, é importante evitar o contacto com os não imunizados. «Alguém trouxe o sarampo para Portugal, já não tínhamos casos há muitos anos, e é muito fácil disseminar o vírus, transmite-se por gotículas, a tossir, a falar, a cantar», refere o médico.

O sarampo chegou a ser dado como extinto pela DGS. Em 2016, Portugal recebeu da Organização Mundial da Saúde (OMS) um diploma que certificava que o país estava oficialmente livre de sarampo. Mas não foi assim.

Segundo o diretor do Serviço de Doenças Infeciosas do Centro Hospitalar do Porto, nunca se pode afirmar que uma doença está erradicada enquanto não houver a certeza absoluta que ela deixou de existir em todos os cantos do mundo e para sempre.