Texto de Ana Tulha
Tinha um fio a ligá-lo à “caixinha mágica” e um único botão, que funcionava como uma espécie de detonador, permitindo ligar e desligar a televisão. Era assim o “Lazy Bones [ossos preguiçosos]”, o primeiro comando televisivo da História. Foi inventado em 1950, pela Zenith Radio Corporation, e depressa provou a utilidade, ao ponto de se tornar um objeto quase imprescindível em tudo o que é casa. Até quando é outra conversa. Para já, importa dizer que, apesar de ter feito escola, o “Lazy Bones” esteve longe de agradar a todos. Na verdade, não faltou quem se queixasse do fio, que provocou uns quantos tropeções.
Queixas que terão contribuído para o passo seguinte. O “Flash-matic” surgiu cinco anos depois (em 1955), concebido por Eugene Polley, também engenheiro da Zenith, e com um “upgrade” significativo: pela primeira vez, nascia um comando de televisão sem fios. Funcionava como uma espécie de lanterna direcional, que interagia com quatro fotocélulas (correspondentes a quatro funções de controlo), integradas na televisão. Mas também a invenção de Polley tinha os seus problemas. Em dias soalheiros, por exemplo, a luz solar acabava, por vezes, a fazer com que a televisão mudasse de canal aleatoriamente.
A Zenith não se ficou. Um ano depois, a empresa lançou novo comando, desta vez bem mais eficaz e convincente. Robert Adler foi o “pai” de um controlo remoto que funcionava com base em ultrassons, sistema que haveria de prevalecer durante quase 25 anos. Só no final da década de 1970 os ultrassons passaram à história. Foi nessa altura que os infravermelhos apareceram em força nos comandos de televisão, um sistema que ainda hoje prevalece – mesmo que, atualmente, também haja opções que funcionam via wireless. Ou via bluetooth.
Curiosamente, agora, tantas vidas depois, o comando da televisão está muito longe de ser apenas um comando… de televisão. Com as novas aplicações e funcionalidades permitidas pelas SmartTV (que se massificaram de há uns anos para cá), o comando é uma espécie de porta de entrada para todo um mundo pararelo à televisão, desde o vulgar browser da Internet à Netflix – plataforma que permite aceder a filmes e séries -, passando pela Amazon (loja online).
E se a televisão tradicional vai perdendo peso face ao Youtube e ao streaming, sobretudo entre os jovens, o comando também não tem grandes razões para ficar a rir. Culpa dos smartphones e das aplicações que já permitem mudar de canal ou aumentar o volume só com o telemóvel. Terá o comando os dias contados?