Como ter um bom jardim a baixo custo

Texto de Pedro Emanuel Santos

Um dilema para quem sonha manter um jardim, e não tem tempo suficiente para o fazer com a atenção merecida, está no tipo de plantas por que optar para que a aposta seja duradoura, de qualidade e sem muitos custos associados.

Uma das soluções poderá passar pelos sábios conselhos de um jardinista. Não, não confundir com um jardineiro. O conceito do jardinista vai mais além.

Mas, afinal, o que é um jardinista? “É fácil, trata-se de uma pessoa que gosta de jardins, que os projeta e trata deles”, define Filipe Forte Faria, 52 anos. Engenheiro agrónomo formado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Filipe é proprietário da Arboreto, empresa que desde 2003 imagina espaços verdes a partir do Porto para grande parte do país, seja em locais públicos ou casas particulares. E é jardinista, claro está.

Estes especialistas vêm ganhando cada vez mais adeptos, graças à importância que podem adquirir quando um leigo busca orientação na arte de pensar um bom jardim.

Quem procurar opinião sábia sobre o que fazer para resolver a eterna equação falta de tempo/pouca disponibilidade financeira/jardim de qualidade, certamente escutará um termo muito em voga nestes meandros: xerojardinagem, palavra que bebe a sua origem do grego “xeros”, que significa seco.

Depois de ter sido lançada na década de 1970 nos EUA, sobretudo na Califórnia e no Arizona, a xerojardinagem acabou por expandir-se para outros pontos do globo e não demorou a multiplicar-se pela Europa.

“A principal preocupação da xerojardinagem é a poupança de água – esse bem escasso e finito -, a utilização de plantas autóctones bem adaptadas às condições do local, a diminuição dos custos de manutenção e uma preocupação ecológica através da redução da utilização de produtos fitossanitários nos jardins”, explica Filipe Forte Faria.

Xerojardinagem: tudo a seco
As plantas mais resistentes à seca são as rainhas da xerojardinagem. E as perfeitas para um jardim bem cuidado e que não nos assalta a carteira.

Em Portugal, as plantas mais utilizadas são as de origem mediterrânica, bastante fáceis de encontrar e de cuidar. Porque são mais resistentes, de crescimento mais lento, menos necessitadas de água, fáceis de preservar por mais tempo e com menores pedidos de poda e de tratamento fitossanitário.

Entre estas, “as aromáticas são das mais aconselháveis” (ver caixa). Optar por um canteiro temático “também é sempre boa ideia”, sublinha o jardinista.

A evitar, desde logo, estão “grandes relvados”, devido ao grande consumo de água associado. Todas as espécies que envolvam elevados recursos hídricos também são de excluir, mesmo que possa surgir a dúvida entre estética e razoabilidade.

“Muitas vezes existe o conflito entre aquilo que é um jardim interessante e bonito e um com plantas aparentemente menos interessantes, mas de boa manutenção. A segunda opção é a melhor, embora nem sempre o gosto e a carteira do cliente vão nesse sentido”, descreve Filipe Forte Faria. “Uma coisa é certa: o jardim tem sempre de ser a extensão da casa.”

Os custos de um bom e económico jardim variam de situação para situação e a área a ajardinar tem preponderância no orçamento final.

Se optar por uma empresa da especialidade, terá de ter em conta o preço da mão-de-obra – e este pode chegar aos 30 euros por hora. Garantida está sempre a orientação de um jardinista e a expectativa de que especialistas na matéria vão tomar conta do espaço e torná-lo o mais aprazível possível, utilizando os produtos corretos para o transformar em espaço de qualidade.

A manutenção regular de um jardim de 50 metros quadrados por uma destas empresas pode custar 75 euros por mês, também pagável através de avença anual. Se o serviço for mais esporádico, os trabalhos são cobrados à hora e podem chegar aos 30 euros.

Outro fator a ter em atenção é a qualidade do solo destinado ao jardim, que deve ter boa estrutura e textura para permitir uma drenagem e arejamento adequados. “É fundamental para uma boa saúde das plantas”, alerta Filipe Forte Faria.

A rega também é primordial para um jardim de eleição. O ideal será um sistema automatizado, o mais adequado para “uma boa gestão da água e para evitar desperdícios”.