Tempo, motivação e dinheiro. É por isto que fazemos menos exercício

Texto de Alexandra Pedro | Fotos Shutterstock

Há cada vez mais ginásios, maratonas, informação disponível ou dicas para praticar mais (e melhor) exercício físico. No entanto, os mais recentes dados do Eurobarómetro sobre o desporto e exercício físico revelam que os portugueses estão a exercitar menos que em 2010.

«A percentagem de pessoas que praticou ou pratica algum desporto regularmente ou com alguma frequência é maior na Finlândia (69%), Suécia (67%) e Dinamarca (63%). Os inquiridos que são menos propensos a exercer estão na Bulgária, Grécia e Portugal (sendo que nestes países, 68% nunca praticou desporto», pode ler-se no relatório do estudo que inquiriu 28.031 pessoas em todos os Estados-membros, em Dezembro de 2017. Desses, 1089 eram portugueses.

«A maioria das pessoas que tem dificuldades em pagar contas nunca exerceu ou praticou desporto»

Em comparação com os estudos feitos anteriormente (2010 e 2014), Portugal revela uma diminuição. Em 2010, 33% dizia fazer exercício regularmente – de uma a cinco vezes por semana –, quatro anos mais tarde este valor desceu para os 28%. Ora, em 2018 está nos 26%. Pior que Portugal está ainda a Hungria (24%), Grécia (23%), Roménia (19%) e Bulgária (16%).

São os países do norte da Europa que apresentam os melhores resultados neste estudo. Finlândia (13%), Suécia (15%) e Dinamarca (20%) são os que apresentam taxas mais baixas quando questionados se nunca praticaram qualquer exercício (ver gráfico em baixo).

Os homens são mais atletas

Em relação ao exercício físico os homens são o sexo forte: 44% dos homens fazem exercício com regularidade, enquanto entre as mulheres apenas 36% o fazem. Em relação aos que nunca praticaram desporto, os homens são 40% e as mulheres 52%.

No que diz respeito às idades, nota-se que «a frequência do exercício físico tende a diminuir com a idade». «Dos 15 aos 24 anos, 62% exercita regularmente algum desporto», no entanto, a percentagem cai para 46% na faixa etária dos 25 aos 39 anos e para 39% dos 40 aos 54 anos. Por fim, apenas 30% faz exercício a partir dos 55 anos.

Os níveis de participação no desporto são muito menores entre aqueles que têm níveis de educação mais baixos

De acordo com o estudo da Comissão Europeia, há ainda uma distinção em relação à posição financeira. «A maioria das pessoas que tem dificuldades em pagar contas nunca exerceu ou praticou desporto (66% no caso das pessoas que têm dificuldades a maioria das vezes e 55% nas que têm dificuldades de vez em quando)».

Há ainda dados no relatório que indicam que o abandono escolar também pode estar diretamente relacionado com a atividade física. «Os níveis de participação são muito menores entre aqueles que têm níveis de educação mais baixos», pode ler-se no documento.

Portugueses também não fazem «outras atividades»

Em seis países da Europa, mais de metade dos inquiridos diz que também não participa noutras atividades físicas – como andar de bicicleta, fazer jardinagem ou dançar. Malta é o país que apresenta a taxa maior (68%), seguindo-se Portugal (64%), Itália (57%), Chipre (52%), Roménia e Espanha (ambos com 51%).

Portugueses justificam-se com falta de tempo e motivação para fazer exercício

A idade também é reveladora nesta análise. «As pessoas mais velhas são menos propensas a envolver-se em outras atividades físicas: pessoas com 55 anos ou mais que dizem nunca se envolver em qualquer outra atividade física são 45%, caindo para 33% entre os 40 e os 54 anos, 29% entre os 25 e os 39 anos e 25% entre os 15 e os 24 anos».

As razões

Falta de tempo e motivação. Portugal está três pontos percentuais acima da média europeia (40%) no principal motivo para não fazer exercício: falta de tempo. Para um terço, a justificação é a falta de motivação. A terceira razão mais comum entre os portugueses é a financeira.

Região de Lisboa e Vale do Tejo é onde mais se pratica

A região de Lisboa e Vale do Tejo é onde mais se pratica atividade física regular (40,3%), seguindo-se o Algarve (39,9%), o Alentejo (34,2%), o Norte (30%) e o Centro (28%), de acordo com o estudo realizado pelo Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

Esta investigação contou com a participação de 4.911 pessoas, na sua maioria em idade ativa (84,3% com idade entre os 25 e os 64 anos), cerca de dois terços dos quais (63,4%) «sem escolaridade ou com escolaridade inferior ao ensino secundário» e 11,2% desempregados.

Os dados do Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico confirmam ainda a análise do Eurobarómetro mostrando que a atividade é mais frequente nos homens (39,7%) e no grupo etário dos 25 aos 34 anos (47,1%).