Selfies: um guia para sair bem no retrato

Texto de Sofia Teixeira | Fotografia de Shutterstock

A autorrepresentação é tão velha como os espelhos. Ainda a fotografia não tinha sido inventada, já se faziam autorretratos: as crianças sempre se desenharam a si próprias, os pintores e escultores sempre pintaram e moldaram o seu próprio rosto.

E desde os primórdios da fotografia que os fotógrafos se retrataram a eles próprios usando botões de disparo à distância e tripé, espelhos e vidros, ou simplesmente afastando os braços e rodando a lente na sua direção. Fazendo selfies, portanto.

Os outros acham sempre que estamos bem ou estamos normais, nós achamos sempre que estamos mal. Que fenómeno é este?

Quase toda a gente adora tirar fotografias, mas quase ninguém se acha fotogénico. Parece que ficamos sempre pior do que somos na realidade. E se estivermos a falar de selfies, isso é especialmente notório: são necessárias dezenas de fotos antes de conseguirmos escolher uma para guardar ou publicar.

«Esta não, estou com papada», «Esta não, a boca está esquisita», «Esta não, fiquei com cara de parva». Esporadicamente as nossas queixas não são rebatidas pelos outros (ou seja, ficámos mesmo com cara de parvos), mas a maioria das vezes são. Os outros acham sempre que estamos bem ou estamos normais, nós achamos sempre que estamos mal. Que fenómeno é este?

Imagem invertida, é o que é. Estamos habituados a ver o nosso rosto ao espelho e o espelho reflete a imagem horizontalmente. Quando tiramos uma fotografia, vemo‑nos como os outros nos veem, sem essa inversão. Por isso onde os outros veem o costume, nós vemos, literalmente, a cara ao contrário: o que costumamos ver à direita passa a estar à esquerda e vice‑versa.

Como explicam vários fotógrafos e especialistas em imagem, isto produz‑nos uma sensação estranha. Como o nosso rosto não é simétrico – há sempre um olho ligeiramente maior, uma sobrancelha mais pontiaguda, sinais de um dos lados do rosto que o outro não tem –, quando olhamos para nós pelos olhos dos outros não nos reconhecemos ali.

Esta é parte da história, a outra, que diz respeito às selfies, tem que ver com as nossas fracas noções de iluminação, enquadramento e composição. Para ajudar nessa parte, aqui ficam as regras básicas a ter a conta.

A TÉCNICA DO SQUINCH

O fotógrafo Peter Hurley batizou a técnica, em 2013, e garante que é meio caminho andado para ficar bem nas fotografias: o squinch. Quando tiramos fotografias, a tendência é abrir bastante os olhos, explica, mas isso só nos faz ficar com um ar assustado. O fotógrafo e vlogger garante que o squinch, que passa por apertar levemente os olhos – atenção, levemente, a ideia não é ficar de olhos fechados –, faz passar uma atitude de autoconfiança e torna­nos a todos mais fotogénicos.