Excesso de açúcar pode provocar danos cerebrais

Texto de Marcelo Teixeira | Fotografia de Shutterstock

Altos níveis de glucose no sangue podem debilitar a capacidade de atenção do ser humano. Um estudo feito na Nova Zelândia mostrou que homens com alto nível de glucose no sangue demonstram um raciocínio aritmético mais lento. Contudo, este açúcar é um intermediário metabólico essencial no fornecimento de energia ao cérebro.

Ana Fernandes, neurocientista da Fundação Champalimaud, explicou à Notícias Magazine que «o excesso deste açúcar pode levar a alterações e disfunções cerebrais». Apesar de ser importante ingerir alimentos que são fonte de energia, como os hidratos de carbono que contêm glucose e sacarose, existem algumas contradições que estão «recentemente a ser descobertas», disse a neurocientista.

Quando a insulina do corpo é estimulada pelo açúcar e libertada pelo pâncreas, existe uma ligação imediata ao cérebro, diminuindo a plasticidade cognitiva e a memória

Segundo Ana Fernandes «o corpo, ao ingerir uma quantidade substancial de açúcar, transmite ao cérebro a sensação de bem-estar, devida à libertação de um neurotransmissor, que é a dopamina. Tal e qual algumas drogas». Ocorre pois um processo de «hiperativação de recompensa, havendo ainda algumas dúvidas de como é feita essa ponte. O que já se sabe, por exemplo, é que, quando a insulina do corpo é estimulada pelo açúcar e libertada pelo pâncreas, existe uma ligação imediata ao cérebro, diminuindo a plasticidade cognitiva e a memória», realçou a especialista.

Mei Peng, professor na Universidade de Otago, Nova Zelândia, afirmou ao PsyPost que o «coma de açúcar dá-se na sequência do consumo excessivo de alimentos que fazem disparar a glucose no sangue». Quem apresenta este quadro, nas palavras de Ana Fernandes, «pode sofrer de hiperglicemia». Patologia que, a longo prazo, pode provocar danos cerebrais irreversíveis.

A correlação entre a ingestão de alimentos com altos níveis de glucose e sacarose e a lentidão do cérebro, tornando-o ineficaz em certas situações que exigem prontidão e clareza, não é científica, mas «é cada vez mais razoável», segundo a investigadora portuguesa.

Sobre a frutose adiantou ainda que «é um açúcar com funções menos energéticas e mais reguladoras, mas que tem também o outro lado da moeda. A longo prazo pode ser responsável pelo aparecimento da doença de Alzheimer».