A respiração é um processo automático que passa despercebido, mas a rotina de encher os pulmões de ar exige cuidados em determinados casos. Respirar ajuda a gerir a ansiedade e a poupar energia. Respirar mal tem implicações para a saúde.
Respirar é um processo mecânico, automático, corriqueiro, tão rotineiro que acaba por ser impercetível. Por isso, a maioria da população nem pensa na respiração. Mas há respirar e respirar. “Nas situações de ansiedade ou de doença respiratória, é muito útil ter consciência da nossa respiração e conhecer as técnicas indicadas para poupar energia durante a respiração, tornando-a mais eficaz”, adianta Paula Rosa, médica pneumologista e membro do conselho técnico-científico da Respira – Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas.
Acontece muita coisa importante no processo de respirar. A respiração fornece oxigénio a todo o corpo e liberta-o do dióxido de carbono. E também são eliminadas outras substâncias que resultam do metabolismo e que precisam de ser expurgadas do organismo. “Os pulmões têm um papel central neste processo, como ‘bomba’ que aspira o ar com oxigénio e cria condições para o distribuir pelo organismo e como ‘filtro’ das substâncias voláteis nocivas ao organismo que depois são eliminadas na expiração”, diz a especialista.
Respirar mal tem implicações importantes na saúde. Compromete a função dos órgãos, provoca cansaço e causa perda de energia
Mas atenção: respirar mal tem consequências. “Respirar mal é captar menos oxigénio ou gastar muita energia a respirar. O que acontece, por exemplo, quando a respiração é rápida e superficial, quando há obstrução nasal ou quando os brônquios estão obstruídos. E isso resulta no fornecimento de menos oxigénio aos tecidos e órgãos, e posterior acumulação de substâncias potencialmente tóxicas.”
Há doenças que têm a ver com a respiração. A asma e a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica) são as mais comuns. Manifestam-se habitualmente por dificuldades respiratórias ou peso no peito, cansaço, tosse e expetoração. Segundo Paula Rosa, estas doenças “são fator de risco para o aparecimento de infeções e, por isso, quem tem estas doenças, mesmo que o desconheça, tem infeções respiratórias frequentes.”
A asma e a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica) são as doenças respiratórias mais comuns. Peso no peito, cansaço e expetoração são alguns sintomas
A DPOC está sobretudo relacionada com o tabagismo. Deixar de fumar é, portanto, bastante aconselhável. No caso da asma, é importante conhecer o que faz desencadear uma crise, sejam ácaros, pólenes, animais ou alimentos, para assim evitar a exposição. “Quando a doença já existe, é fundamental cumprir o tratamento prescrito”, avisa a pneumologista.
A reabilitação respiratória é o tema central do II Fórum Luísa Soares Branco, organizado pela Respira nesta sexta-feira, dia 29, no Hospital de Vila Franca de Xira, em colaboração com serviço de Pneumologia, entre as 14 e as 18 horas. Os constrangimentos à manutenção do exercício físico e a qualidade de vida na doença respiratória crónica são outros assuntos em debate neste fórum.
“Queremos uma vez mais homenagear a primeira presidente da Respira, Luísa Soares Branco, mas também colocar na ordem do dia o tema da reabilitação respiratória. Pretendemos sensibilizar as pessoas com DPOC e outras doenças respiratórias, cuidadores e profissionais de saúde, pois consideramos que a discussão destes temas em equipas pluridisciplinares é uma mais-valia e uma forma de obter ganhos em saúde”, sublinha Isabel Saraiva, vice-presidente da Respira, em comunicado.