Esta semana, estimados leitores, nas entrevistas que nunca fiz, temos connosco Paulo Gonçalves, ex-assessor jurídico do Benfica que cessou funções em setembro e está acusado de 79 crimes no processo e-Toupeira.
Antes de mais, quero pedir que esta conversa não seja divulgada.
Claro, esteja descansado. Fica aqui entre nós e os leitores da “Notícias Magazine”. A não ser que o seu amigo e funcionário judicial José Augusto Silva tenha conseguido aceder ao meu sistema informático.
Peço-lhe que seja brando comigo nesta entrevista. Até porque tenho aqui dois convites para a bancada para lhe oferecer.
Deixe estar, ofereça ao Sousa Cintra, ele é que adora ir ao vosso estádio. Por falar em brando, gostei muito da forma como a doutora juíza Ana Peres o trata, só senti falta de chá e scones. Que sorte! Se tem apanhado a procuradora do ataque a Alcochete a esta altura estava com uma otite e tinha ouvido coisas do género – “esteja calado, seu badocha!”.
A juíza Ana Peres é uma querida, eu até lhe pedi se ela ia ao nosso estádio visitar o estacionamento e escolher um lugar onde pôr a sua viatura, dado que, pelo menos, ali a EMEL não chateia ninguém.
Acha que o caso vai chegar a julgamento?
Eu acho que o caso não vai chegar a julgamento, ou é uma grande ingratidão da parte dos juízes que receberam convites.
Aqui entre nós, é verdade que o senhor não dependia da autorização do Luís Filipe Viera para fazer todas essas ofertas?
Eu não dependia da autorização do presidente para dar convites. Até porque, se fosse assim, aquilo tornava-se inviável dado que cheguei a pedir mais de três centenas de convites por época. Praticamente só tinha de o avisar quando convidava o António Simões para o pôr longe dele.
Percebo, aliás, pelo que ouvi só faltou o senhor dizer que era você que arranjava convites para o Luís Filipe Vieira ir para a bancada. A verdade é que, já que o senhor deixou de fazer o seu trabalho, agora o estádio está tão vazio que têm que pôr colunas de som para fingir que está cheio de gente a apoiar.
Eu sou o príncipe das borlas. O “black friday” do Estádio da Luz.
Nunca vi um “mãos largas” como o senhor. Nunca recusou um pedido ao seu amigo José Augusto Silva?
Só uma vez, em que ele me pediu se lhe oferecia uma camisola do Adel Taarabt.
Pelo menos sempre era uma camisola que não cheirava a suor.