80 anos desde o primeiro voo entre Portugal e Inglaterra

Texto Ana Pago | Fotografia Arquivo DN

Era o inventor Leonardo da Vinci quem o jurava a pés juntos: uma vez que alguém tenha experimentado voar, andará pela terra com os olhos voltados para o céu, onde esteve e para onde deseja voltar. Quase de certeza que o piloto do trimotor Lisboa se terá lembrado muitas vezes desta frase, a 3 de fevereiro de 1936, quando o pequeno avião não pôde descolar do aeródromo de Sintra para Croydon, a sul de Londres, em resultado de os pneus do trem de aterragem se afundarem na lama da pista, ainda muito encharcada pelas últimas chuvas.

«Ontem de manhã [3 de fevereiro] estava tudo preparado para a descolagem do trimotor Lisboa que, conforme noticiámos, ia inaugurar as carreiras entre Lisboa e Londres, exploradas pela Crilly Airways», contava o Diário de Notícias, atento às manobras do piloto.

Às 8h30, os três motores do aparelho começaram a funcionar.

Ele até queria voar para bem longe, com o avião abastecido desde a véspera, mas naquele dia não deu – desapontando os entusiastas da aviação que acorreram a Sintra para assistir às manobras. Foi só a 4 de fevereiro que se fez história, com a partida do Lisboa a avançar, finalmente, este passo na aviação comercial.

«Às 8h30, os três motores do aparelho começaram a funcionar. Passado o tempo indispensável para “aquecer” e depois de consultado o oficial de serviço, sr. tenente Costa Macedo, acerca do melhor piso da pista, o Lisboa apontou em direção ao centro do terreno e pronto se elevou no espaço, efetuando uma descolagem impecável», relatava ainda o DN.

Às 8h50, o trimotor desaparecia no horizonte levando a bordo malas do correio com três mil cartas.

Às 8h50, o trimotor desaparecia no horizonte levando a bordo malas do correio com três mil cartas, destinadas a Londres e aos países do norte da Europa. Toda a gente se elevou com ele.

TAP
Fundada em 1945 (chamava‑se Secção de Transportes Aéreos), a TAP começaria a transportar passageiros regularmente para Londres em 1949.