
Texto de Pedro Emanuel Santos
O que têm em comum a fatídica ponte que ruiu em Génova, causando a morte a 38 pessoas, e uma outra na Venezuela que, atingida por um barco, também desmoronou parcialmente? O engenheiro.
Riccardo Morandi (1902-1989) foi o responsável pela construção de ambas as travessias – a de Génova foi mesmo batizada com o seu nome. Prestigiado engenheiro com muita reputação em Itália, foi responsável por projetos de grandes dimensões em países como África do Sul, Canadá, Colômbia, Equador ou Líbia.
Se, no caso de Génova, a má manutenção tem sido apontada pelas autoridades como a causa provável do fatídico acidente, na Venezuela, o caso foi completamente diferente. A 6 de abril de 1964, o petroleiro Esso Maracaibo atingiu em cheio um das bases da Ponte General Rafael Urdaneta, inaugurada dois anos antes, e provocou o desmoronamento de um dos pilares e de parte do enorme tabuleiro. Morreram sete pessoas, todas ocupantes dos poucos veículos que seguiam no troço da ponte que terminou afundado nas profundezas do Lago Maracaibo. A sorte, relatam os jornais da época, é que o acidente ocorreu durante a noite. Caso contrário, o balanço de vítimas teria sido, muito provavelmente, bastante superior.
Os estragos materiais foram tão grandes que a Ponte General Rafael Urdaneta demorou dois anos a ser reconstruída. Era a obra pública de eleição do regime político venezuelano de então. Pela grandeza – cerca de 8,5 quilómetros de extensão (a segunda maior da América Latina) – e pela concretização do sonho de ligar Maracaibo, a segunda maior cidade do país, ao resto do país com mais facilidade.
Riccardo Morandi, esse, acompanhou os trabalhos que devolveram a ponte ao desenho original. E foi continuando a ser chamado a outros projetos de monta pelo mundo fora.