Podemos comer algo que caiu no chão?

O tipo de superfície e o tempo são fatores que determinam a resposta.

A sabedoria popular afirma que se um alimento cai ao chão e o apanharmos em cinco segundos podemos consumi-lo. Há quem defenda que só é possível em apenas três segundos. No entanto, há ainda os que alargam o período de tempo e garantam que se demorarmos até 15 segundos não existe qualquer problema.

Um estudo realizado por investigadores da Universidade Rutgers, em Nova Jersey, nos Estados Unidos da América, afirma que as bactérias podem ser transferidas para o alimento em menos de um segundo. O tipo de superfície e o tempo são fatores que influenciam.

Os cientistas americanos analisaram quatro tipos de alimentos (pão branco, pão com manteiga, fatias de melancia e gomas) em quatro diferentes pisos (azulejo, madeira, carpete e aço inoxidável). O tempo variou entre menos de um segundo e cinco minutos. Antes de deixar cair a comida, as superfícies foram contaminadas com uma bactéria idêntica à salmonela. “Chegamos à conclusão que a regra dos cinco segundos não é verdadeira. As bactérias podem transferir-se para o alimento em menos de um segundo”, refere Donald Shaffner, professor e um dos responsáveis pelo estudo. No entanto, garante que o tempo de contacto faz muita diferença.

Os resultados da análise mostraram que a fatia de melancia teve uma maior taxa de contaminação, 97%, em contacto com o piso de cerâmica durante cinco segundos, mas, em menos de um segundo no aço inoxidável, a contaminação já era de 91%. De acordo com os especialistas, isso acontece devido à composição da fruta. As gomas, como são mais secas, obtiveram a menor taxa de contaminação (11%) após cinco minutos no azulejo. A superfície menos contagiosa foi a carpete, apesar de isso não significar que seja a mais segura ou limpa, apenas porque o tipo de tecido impede que o alimento entre em contacto com a sujidade.

“O risco de contrair alguma doença depois de ingerir um alimento que caiu no chão não depende só da presença de bactérias mas do tipo delas”, afirma o professor. Apesar da maioria ser inofensiva para o organismo humano, algumas podem causar graves infeções abdominais.