Os transplantes capilares já não são um assunto cabeludo

Texto de Filomena Abreu

Chama-se alopecia mas quase ninguém a conhece por esse nome. A calvície, esse bicho-de-sete-cabeças que sempre moeu o juízo e a autoestima, principalmente aos homens, vai deixando de ser uma condição permanente.

Depois de atingir um estado avançado, os champôs, as ampolas, os medicamentos e as mezinhas pouco farão pelos folículos. É aí que entram os transplantes capilares, a forma mais eficaz de resolver a questão. Não só por causa do bem-estar, evitando casos extremos de isolamento e depressão, mas também para prevenir outros problemas, como o cancro.

A DHI Global Medical Group foi fundada em 1970 por K. Giotis e dedica-se à pesquisa, diagnóstico e tratamento de doenças do cabelo e do couro cabeludo. Chegou a Portugal em 2013, está presente no Porto e em Lisboa e tem Pedro Oliveira como diretor.

“A doença da alopecia androgenética, que tem fatores hereditários, afeta uma número muito maior de pessoas do que pensamos. E a forma como o paciente lida com isso é extremamente impactante no seu dia-a-dia.” Até porque, recorda o representante da clínica, “a alopecia ainda está muito associada ao envelhecimento precoce”. Algo que pode abalar a confiança, gerando inibição pessoal e social.

“A doença da alopecia androgenética, que tem fatores hereditários, afeta uma número muito maior de pessoas do que pensamos. E a forma como o paciente lida com isso é extremamente impactante no seu dia-a-dia.” (Pedro Oliveira, diretor DHI Global Medical Group)

O transplante capilar consiste, basicamente, numa redistribuição de folículos no couro cabeludo, mas a indicação para este método está dependente do grau da patologia. O tratamento pode variar de acordo com as diferentes clínicas e os casos apresentados por cada paciente.

Na DHI a técnica utilizada chama-se Direct: “Cada folículo é injetado diretamente, não havendo abertura de orifícios prévios na zona recetora”. Isto torna “o transplante capilar definitivo”, desde que haja “sobrevivência do folículo implantado e salvo quaisquer patologias extraordinárias do paciente”, descreve Pedro Oliveira.

Na DHI, os custos variam em função da dimensão da área calva e, consequentemente, do tipo de implante necessário. “Temos sessões pequenas, de duas horas, e sessões de 12 horas, realizadas em dois dias.” Os preços oscilam entre 2 000 e 8 000 euros, e o diretor assegura que não consegue contabilizar “o número de pacientes que já disse que o transplante mudou a sua vida”.

Na DHI, Os custos variam em função da dimensão da área calva.

Barba e cabelo – e sobrancelhas
O pós-operatório de um paciente que faz um transplante é simples. Quem o afirma é Carlos Portinha, médico e coordenador da Clínica Saúde Viável, que há dez anos existe em Portugal (Porto, Lisboa e, brevemente, em Vilamoura). “Repouso nos primeiros três dias, hidratação da zona recetora e desinfeção da área dadora. Ao quarto dia faz-se a primeira lavagem e a partir daí o paciente retorna progressivamente à vida normal.”

No ano passado, as clínicas Saúde Viável realizaram, de acordo com Carlos Portinha, “mais de três mil transplantes”. O clínico salienta que os procedimentos se aplicam não só ao cabelo, mas também às sobrancelhas e à barba. “Poderá haver necessidade de mais do que uma sessão, mas dado o elevado número de unidades foliculares que transplantamos numa só sessão (acima de 3 500), em muitos pacientes poderá bastar apenas uma.”

Os valores dos tratamentos começam nos 27 euros, mas no que respeita especificamente aos transplantes capilares, os custos começam nos 79 euros por mês, para quem optar pelo pagamento a crédito.

Classificada como doença pela Organização Mundial da Saúde, a alopecia é mais do que uma questão meramente estética, uma vez que a falta de cabelo “aumenta o risco de carcinoma maligno da pele do couro cabeludo, pelo que a reconstrução capilar surge como um ato terapêutico preventivo”, frisa Carlos Portinha.

A alopecia é mais do que uma questão meramente estética, uma vez que a falta de cabelo “aumenta o risco de carcinoma maligno da pele do couro cabeludo, pelo que a reconstrução capilar surge como um ato terapêutico preventivo” (Carlos Portinha, coordenador da Clínica Saúde Viável)

Para o sucesso das clínicas contribuem não só resultados satisfatórios como também as personalidades públicas que nos últimos anos têm emprestado o testemunho. Na clínica Saúde Viável a lista de clientes famosos inclui o cabeleireiro Eduardo Beauté, a fadista Fábia Rebordão e o ex-futebolista Raul Meireles.

Aos poucos, com os transplantes capilares, a alopecia tem deixado de ser um estigma. Porque sentirmo-nos bem traz mudanças significativas à nossa vida.