Os portugueses são hipertensos mas sabem pouco sobre hipertensão

Texto Sara Dias Oliveira | Fotografia Shutterstock

Riscos, causas e consequências da hipertensão arterial? Os portugueses não sabem muito sobre este assunto.

Um estudo em que participaram investigadores da Unidade de Investigação em Epidemiologia do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto revela que o conhecimento em torno desta doença tem algumas falhas.

E com a hipertensão não se brinca: é uma doença cardiovascular e, ao mesmo tempo, um fator de risco para o desenvolvimento de outras maleitas. É uma doença silenciosa que dá muito que fazer.

Todos os anos, em todo o mundo, morrem cerca de 7,5 milhões de pessoas devido à hipertensão, e perdem-se 92 milhões de anos de vida por incapacidade que a doença provoca.

Dos 1624 adultos portugueses inquiridos, que constituíram a amostra, cerca de 30% não conseguiram indicar uma única causa da hipertensão arterial. Uma dificuldade mais evidente nos mais velhos e com menos escolarização.

O consumo excessivo de sal e uma alimentação inadequada são as causas mais referidas pelos inquiridos no estudo. Um número significativo apontou também o stress como causa da doença. E cerca de um quarto dos participantes não conseguiu indicar uma estimativa de quantas pessoas poderão ter hipertensão ao longo da vida.

Quanto às consequências, mais de 85% dos inquiridos referem o enfarte do miocárdio e o acidente vascular cerebral como os principais perigos da doença. Este estudo revela, por outro lado, que são as mulheres, os mais escolarizados, e quem sofre da doença, os que mais sabem sobre hipertensão arterial.

A população portuguesa apresenta elevados valores de pressão arterial. A deteção precoce e o tratamento adequado são fundamentais para reduzir o risco de doenças cardiovasculares.

«É importante refletir sobre estes resultados, de forma a promover o conhecimento da população sobre a hipertensão arterial, para que os indivíduos sejam capazes de gerir a sua saúde de forma mais informada e de controlar e gerir a doença, quando for caso disso. Esta é a grande mensagem de saúde pública que o nosso estudo salienta», diz Elisabete Alves, primeira autora da investigação, citada pela Universidade do Porto.

Na sua perspetiva, e apesar das campanhas desenvolvidas em torno do tema ao longo dos anos, é fundamental promover o conhecimento da população portuguesa sobre a doença, sobretudo junto das pessoas menos escolarizadas, dos indivíduos saudáveis ou que não possuem um diagnóstico da patologia, e dos homens.

O estudo contou ainda com a participação dos investigadores Ana Rute Costa, Ana Azevedo e Nuno Lunet, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, e de Pedro Moura Ferreira, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.