Os antioxidantes fazem mesmo bem à saúde?

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Texto Sara Dias Oliveira

Há fenómenos que acontecem dentro de nós e que nem sequer imaginamos. A oxidação de biomoléculas que inibe funções celulares, e contribui para o desenvolvimento de várias patologias, é um exemplo. Mas, felizmente, existem os antioxidantes que são moléculas que inibem a oxidação de outras moléculas e, desta forma, evitam danos nas células.

A que alimentos podemos ir buscá-los? A oferta é variada. As frutas, os vegetais, e seus derivados, são fontes importantes de antioxidantes naturais. Cenouras, produtos lácteos, peixes, e fígado também. Citrinos, tomates, batatas, nozes, sementes e óleos vegetais, entram na mesma lista. Cacau, chocolate, uvas pretas, framboesas, mirtilos, romãs, chá, café, cerveja e vinho tinto igualmente. Os antioxidantes são nossos amigos, é certo, mas é preciso atenção com exageros e suplementos alimentares.

Uma dieta rica em antioxidantes inclui uvas pretas, framboesas, mirtilos, romãs, chá, café, cerveja e vinho tinto.

«Os efeitos protetores dos antioxidantes são essenciais para uma vida saudável e uma dieta variada, rica em antioxidantes naturais, é muito importante para a prevenção de doenças. Os suplementos alimentares contendo antioxidantes podem ajudar, em particular em pessoas com deficiências nutricionais ou com doenças. Também são importantes para prevenir efeitos secundários de algumas terapias», diz Vítor Costa, investigador do departamento de Biologia Molecular do ICBAS – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, no Porto.

Há mais boas notícias. Os antioxidantes protegem o corpo de maleitas que não são nada boas para a saúde. Como, por exemplo, doenças cardiovasculares, cancro, artrite, e doenças neurodegenerativas como Alzheimer, Parkinson e a doença de Huntington. Além disso, têm um efeito protetor no envelhecimento.

Os anos passam e o organismo já não responde da mesma maneira. «Como consequência, o organismo fica mais suscetível a sofrer danos oxidativos provocados por radicais de oxigénio, o que predispõe o desenvolvimento de patologias associada ao envelhecimento, como por exemplo a doença de Alzheimer e outras demências», refere o investigador. Daí que uma dieta saudável, variada, contendo diferentes tipos de antioxidantes naturais, seja importante para prevenir o desenvolvimento dessas doenças e promover a saúde ao longo da vida.

Os antioxidantes podem prevenir várias doenças como o cancro, artrite, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas.

«As nossas células são capazes de produzir uma bateria de defesas antioxidantes que exercem o seu papel protetor a diferentes níveis: neutralizam diretamente os radicais livres ou interrompem reações em cadeia que ocorrem após a reação desses radicais com componentes celulares (proteínas, lípidos ou ácidos nucleicos)», explica Vítor Costa.

«Além disso, a nossa dieta contém antioxidantes naturais, incluindo compostos fenólicos (por exemplo, flavonoides) e as vitaminas A, C e E, que contribuem para a proteção das nossas células. Alguns minerais obtidos na dieta, como o cobre, zinco e selénio, também são importantes dado que são essenciais para a ação de algumas enzimas antioxidantes», acrescenta o investigador.

Mais antioxidantes, mais saúde?

A equação até poderia ser simples de fazer. Quanto mais antioxidantes, mais saúde. Só que não é bem assim. Os antioxidantes neutralizam os radicais livres com influência direta na proteção de várias doenças e no envelhecimento. Não há dúvidas aqui. E é certo que níveis altos de antioxidantes e baixos níveis de oxidativos são recomendáveis a uma vida saudável. No entanto, como se sabe, os exageros não fazem bem a ninguém e os suplementos levantam reservas.

Há estudos que indicam que os suplementos antioxidantes são ineficazes ou mesmo prejudiciais à saúde.

Os antioxidantes naturais são bem-vindos, daí a dieta saudável em doses equilibradas, mas há também os suplementos antioxidantes. E é aqui que se deve torcer o nariz. Há estudos que indicam que os suplementos antioxidantes são ineficazes ou mesmo prejudiciais à saúde. Sabe-se que altas concentrações de antioxidantes associadas ao uso de suplementos podem causar problemas.

Essas altas concentrações podem ser prejudiciais por várias razões. Podem atuar como pró-oxidantes e, desta forma, aumentam a oxidação. Podem proteger células saudáveis, mas também as perigosas, nomeadamente as células cancerígenas. E podem ter efeitos colaterais nada desejáveis, como náuseas e dores de cabeça. Por isso, também aqui, o equilíbrio é fundamental.