Texto de Pedro Emanuel Santos
Tem 32 anos, vive na cidade de Wolverhampton, é mãe solteira de três crianças. E considera-se a pessoa mais só da Grã-Bretanha. Emily Fox diz não fazer amigos há mais de uma década. Só fala com funcionários de supermercado e de outros estabelecimentos. Já tentou várias soluções para sair da jaula que a prende a si própria. Sem sucesso. Foi a reuniões de pais, a convívios escolares, a tudo o que pudesse fazer. Nada resultou.
Foi num pungente post no Facebook que Emily expressou o estado de desespero em que se encontra. Sem ninguém para desabafar, exprimiu em palavras escritas o que lhe apoquenta a alma e lhe dificulta a vida. “Não faço amigos há anos e frequentemente sinto-me muito sozinha. Além disso, não falo com uma pessoa que seja há mais de três semanas e quando o faço é com empregados de balcão ou outros estranhos. Vou a supermercados para interagir com adultos e conversar. Toda a gente me vê como uma pessoa feliz e vivaça, mas, no fundo, sou muito solitária”, escreveu a jovem mãe no Facebook. Que, desde então, tem recebido inúmeros pedidos de amizade, possíveis soluções para acabar com o estado quase depressivo em que se encontra.
“Apesar de falar com a minha mãe e o meu irmão, raramente os vejo. Estar com alguém mais regularmente, nem que fosse de mês a mês, faria toda a diferença para mim”, lamentou. As palavras de Emily Fox chamaram a atenção do jornal “The Sun”, que a foi encontrar – sozinha, claro está – na sua casa de Wolverhampton. “Com a aproximação da época de Natal fico ainda mais em baixo”, confessou. “As pessoas começam a pensar no que fazer, nas festas a que vão. Eu não”.
Nem os filhos parecem compensar a frustração de Emily. “O meu mais novo tem três anos e mantém-me bastante ocupado. Mesmo assim, tal não ameniza a minha solidão. Até porque ele e os irmãos muitas vezes estão com o pai ou na escola e fico sozinha, sem ninguém com quem falar”, descreveu.
O dramático relato tem espoletado, na Grã-Bretanha, a discussão sobre os inúmeros casos de pessoas solitárias que vivem como que enclausuradas num mundo apenas seu por falta de alternativa social. Da silenciosa solidão que aos poucos mata velhos e mais novos.
“Espero que as pessoas leiam a minha história e se identifiquem com a sensação de se sentirem sós. Não acontece apenas com as pessoas idosas. Essas, pelo menos, ainda vão falando com os curadores ou com quem as assiste nos lares onde residem. Quem é novo e está na minha situação não tem qualquer apoio”, queixou-se Emily Fox, cansada de há muito sofrer na pele uma doença social para a qual demora a encontrar a cura.