Moda para bebé e criança: siga o coração

Texto de Sara Oliveira

Tudo o que é pequenino tem graça e o mercado de vestuário para bebé e criança é um nicho a que os pais, futuros ou correntes, têm naturais dificuldades a resistir. Neste nicho, há várias marcas nacionais que apostam na essência do antigamente, como se fossem as avós a confecionar as roupas para os mais pequenos. A maioria nasceu do espírito empreendedor de pais que, fruto da experiência, se lançaram no desafio a pensar nos outros pais.

Produzidas em pequena escala, numa lógica artesanal, recorrendo a materiais orgânicos, as peças são, na maioria, intemporais. “A ideia é passar de irmão para irmão, de primo para primo”, explica Cláudia de Sousa Lima, a mentora de todas as propostas da Baby by Piki.

A marca pertence à mãe, Maria Celeste, mas é a ex-gestora de produto que idealiza todas as peças. Na nova coleção, que acaba de ser revelada ao público, mais do que tendências, Cláudia tem em conta “a qualidade do tecido e dos forros, que têm que ser 100% algodão”. Já no que respeita a cores e texturas, reconhece que segue “um bocado o que se usa”, destacando o cinzento, o padrão Oxford e o xadrez. A bombazina é o material privilegiado para os meses frios que se adivinham.

Nos dias de hoje, a moda ao nível da roupa para os mais novos não é, segundo Filipa Guimarães, responsável pela Nós e Tranças, “assim tão extravagante”. Este tipo de vestuário, “apesar de clássico”, segue o que se usa e é fácil detetar vestígios de tendências em voga pelo recurso a “um simples botão de madeira ou através de uma cor menos comum em bebés”.

Na marca que Filipa representa, “o detalhe é sempre a palavra de ordem”, privilegiando materiais de boa qualidade e “nunca esquecendo o conforto”. A natureza deu mote às propostas para esta estação, fundindo tons pastel, rosa velho, verde-água, azul alfazema e cinzento em peças 100% lã e 100% algodão.

Produzidas em pequena escala, garantem “alguma originalidade e exclusividade”, havendo opções para momentos de brincadeira e para ocasiões especiais. A Nós e Tranças tem espaço físico na Rua 4 de Infantaria, em Lisboa, mas também vende produto online através de site próprio. O preço dos vestidos começa nos 39,50 euros e os macacões, em média, andam pelos 35 euros.

Necessidade desperta criatividade
O nascimento das filhas trigémeas em 2011 ativou o engenho em Patrícia Couceiro. Por necessidade própria, descobriu uma lacuna que tenta suprir, desde 2017, no espaço Patuska, na Foz, Porto, embora a história tenha já seis anos.

“Uma das coisas que mais me preocupava era assegurar que as minhas filhas crescessem com individualidade, e não me agradava nada a ideia de andarem vestidas de igual”, recorda a empresária. Decidida em fazer “peças à mão, à moda antiga, com tecidos confortáveis e o mais naturais possíveis”, comprou os primeiros panos em armazéns antigos da Baixa da Invicta.

Entretanto, Patrícia descobriu uma costureira “sem trabalho, porque as pessoas deixaram de fazer roupa a feitio”, e rendeu-se à confeção artesanal. E, mesmo sem dominar termos técnicos, avançou para o negócio.

Autodidata, Patrícia continua a criar com uma linguagem que define como “muito própria”. Num conjunto de “peças limitadas, feitas em pequena série”, são os tecidos que originam um tema, “um coordenado de peças de menina, menino e bebé”. Resultado: “Todas as semanas temos peças diferentes em loja”. Embora permeável ao que dita a moda no geral, a responsável mantém fidelidade aos seus gostos. Exemplo? Este ano, os camuflados e o padrão animal estão na berra, “mas como não gosto de os ver em crianças, não cedo”, garante.

Ciente de que “nenhum pai deve ter um manual de instruções para vestir um bebé”, Patrícia Couceiro combina o arrojo criativo de um outro pormenor com o pragmatismo de um fecho invisível, por exemplo. Até porque “os vestidos clássicos podem ficar lindos de zip nas costas e não obrigatoriamente a apertar com 20 botões minúsculos”. A qualidade tem um preço mas a dona da Patuska, com cinco meninas em casa, diz que é possível fazer roupa, quase exclusiva, 100% algodão, de forma artesanal, a valores acessíveis. “O meu vestido mais caro, repleto de rendinhas e bordados, custa 38,50 euros.”

Com estilo até a dormir
Depois de se ter estreado neste ramo como uma marca de roupa para crianças, a designer Marta Posser Villar acaba de lançar a Golas, centrada apenas em bodies e pijamas, “por haver pouca oferta gira, barata e com muita qualidade”.

Ao contrário de Patrícia Couceiro, e apesar de não ter gémeas, a ex-nadadora de competição gosta “de vestir bem e de igual” as duas filhas, “até para dormir”. Por isso, arriscou em mais este projeto para miúdos entre os seis meses e os dez anos. A produção é tradicional, dos acabamentos das peças aos materiais empregues: tecidos 100% algodão e, para este inverno, cardado nos bodies e vaielas e flanelas nos pijamas e camisas de noite.

À venda através do Facebook e, a partir do fim do mês, na loja de Campo de Ourique, Lisboa, onde Marta tem a marca de biquínis Bow, custam entre 15 (os bodies) e os 24,50 euros (os pijamas). São peças que remetem para um imaginário de fins de semana em família, em casa dos avós.