Texto Sara Dias Oliveira
A osteoporose diminui a massa óssea, deteriora a arquitetura do osso, aumenta o risco de fratura. O problema piora nas mulheres. A redução da densidade óssea é bastante comum na pós-menopausa devido à queda dos níveis de estrogénio. A menopausa enfraquece os ossos e aumenta os riscos de fratura. Uma em cada três mulheres, com mais de 50 anos, sofrerá uma fratura precisamente por essa fragilidade óssea. Hoje é Dia Mundial da Osteoporose. Uma doença que afeta entre 700 mil e 800 mil portugueses, sobretudo mulheres.
Luísa Martins tem osteoporose há 25 anos, faz compensações de cálcio dia sim dia não, vitamina D diariamente, e fisioterapia para fortalecer os músculos que seguram as vértebras da coluna. Entretanto, deixou de fazer hidroginástica e body combat, mas quando fazia tinha cuidados para evitar cair. Não usa saltos altos, não tem tapetes em casa.
“A osteoporose é uma doença silenciosa, que não dá sinal”, refere à NM. Luísa Martins é médica, especialista em Imunohematologia, tem 65 anos. Aos 40, sem menopausa, sem qualquer sinal de problemas de saúde, colaborou num estudo a convite de alguns colegas médicos. Fez um exame de densidade óssea, que avaliou a grossura dos ossos, e foi então que detetaram que tinha osteoporose. “Já era osteoporose e não descalcificação no osso. Fiz muitos exames, viraram-me do avesso”, recorda.
A partir dos 25, 30 anos, o corpo começa a perder osso. É uma situação natural do organismo. É necessário fazer compensações com mais ou menos cálcio.
“O meu caso é um bocado diferente da generalidade, não sou uma bitola geral”, conta. Não descobriram a causa da sua osteoporose, aconselharam-na a ter os cuidados que a doença exige. Mas o cálcio que ingeria não era absorvido, não se entranhava nos ossos. “O cálcio andava a passear no sangue, não se depositava no osso”, explica. Chegou a ter dois episódios de pedra nos rins. A medicação que entretanto passou a tomar ajuda-a a fabricar osso, a colmatar as falhas provocadas pela osteoporose.
Não foi o caso de Luísa Martins, mas a menopausa pode “potenciar” a osteoporose. “Durante a menopausa existe uma diminuição progressiva e acentuada da produção de estrogénios (hormonas sexuais femininas). Estas hormonas são produzidas pelos ovários. Na menopausa, existe uma falência ovárica, natural, pela idade ou iatrogénica (por medicamentos ou cirúrgica), e os estrogénios deixam de ser produzidos”, explica à NM Maria Eugénia Simões, do Instituto Português de Reumatologia.
A osteoporose, os níveis reduzidos de atividade, e o ganho de peso atuam em conjunto e afetam o metabolismo de uma forma negativa.
As mulheres que sofrem com ansiedade têm quase duas vezes mais probabilidades de desenvolver osteoporose. O que significa que quanto mais nervosa fica na pós-menopausa, mais hipótese tem de ter problemas relacionados com a densidade óssea. E quanto mais ansiosas, mais baixos ficam os níveis de vitamina D – fundamental para a absorção de cálcio. Se o organismo não tem captadores de cálcio, de nada vale ingerir alimentos como, por exemplo, leite, iogurtes ou queijo.
As mulheres que sofrem de ansiedade e depressão poderão ter comportamentos de risco em relação à osteoporose. Como uma tendência para o sedentarismo e baixa exposição solar, cigarros e álcool em excesso, consumo de antidepressivos – alguns com efeitos nefastos na densidade mineral óssea.
“O consumo exagerado de tranquilizantes pode levar ao aumento de quedas, logo ao aumento do risco de fraturas”, refere maria Eugénia Simões.
Há estudos que indicam que a incidência de fraturas por fragilidade óssea em mulheres é maior do que as probabilidades de sofrer ataque cardíaco, derrames e cancro da mama combinados. Há, portanto, cuidados a ter para manter a massa óssea como deve ser ao longo da vida e não apenas na menopausa ou na fase seguinte. Uma alimentação diversificada e rica em laticínios, produtos hortícolas verdes, peixes gordos, citrinos e fruta, frutos secos, ovos. Além disso, é necessário evitar o sedentarismo, os hábitos tabágicos e bebidas alcoólicas e cafeína em excesso.
“Evitar excesso de peso mas também baixo peso. Corrigir perturbações da tiroide ou outras alterações endócrinas. Informar o seu médico se o seu pai ou a sua mãe já teve fratura da anca”, aconselha a especialista. Há outras situações que não devem ser desvalorizadas. Não esquecer que a exposição solar deve ser adequada, que o exercício físico é muito importante, e que é obrigatória uma consulta ao médico em caso de menopausa precoce, ou seja, antes dos 45 anos.