Margarida Carvalho: o melhor doutoramento da Europa é dela

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Texto de Pedro Emanuel Santos

“Computation of equilibria on integer programming games”. É esse o título daquela que foi premiada como a melhor tese de doutoramento da Europa. Mérito de Margarida Carvalho, 30 anos apenas e uma dedicada vida de estudo na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Pela primeira vez atribuído a um estudante português, o Euro Doctoral Dissertation Award distinguiu o trabalho desta portuense sobre como potenciar o desempenho de uma empresa e antecipar as respostas da concorrência através da otimização combinatória e da teoria matemática dos jogos.

A portuense dedicou quatro anos à tese de doutoramento em Ciências dos Computadores que lhe valeu o inédito prémio.

Complicado? Margarida descomplica. E com exemplos práticos. “Havia muita teoria do ponto de vista abstrato sobre essa matéria. O que fiz foi tentar encontrar estratégias mais racionais, no caso sobre como deve ser o mercado de transplantes renais. Antecipar o futuro, no fundo”, explica à “Notícias Magazine” a autora do estudo que valeu o doutoramento em Ciências dos Computadores.

No trabalho, que lhe custou praticamente quatro anos de profunda entrega, a investigadora sugeriu a inovadora ideia da criação de uma rede europeia de troca de rins que levaria ao mais fácil cruzamento entre dadores e recetores que necessitem de transplantes. Um exemplo de potencial aplicação na vida real de uma teoria que alguns científicos pensaram mas que nunca tiveram a ousadia (e a sapiência) de transpor para o terreno da vida comum em sociedade.

Margarida sugeriu a criação de uma rede europeia de troca de rins que levaria ao mais fácil cruzamento entre dadores e recetores que necessitem de transplantes.

No entanto, não é só no campo da saúde que os resultados dissertados por Margarida Carvalho podem ser aplicados. Em concreto, é possível serem utilizados em todos os campos empresariais e de atividade. A bem da produtividade e do melhor aproveitamento dos recursos disponíveis.

“A otimização é uma parte da investigação operacional. Tem que ver com processos de decisão, como a melhor planificação de produção. Em fábricas, por exemplo: quais os melhores horários, como usar as máquinas de forma mais eficaz, etc. A ciência dos computadores pode ajudar tudo isso”, defende Margarida, que, depois de galardoada com o Euro Doctoral Dissertation Award, passou a dar aulas de Programação Matemática numa universidade em Montreal, no Canadá.

“É a minha primeira experiência enquanto professora e está a correr muito bem. Vamos ver o futuro”, sorri a concluir.