Marcos Piangers: «Ter uma família é superassustador»

Texto de Ana Pago | Fotografia de Reinaldo Rodrigues/Global Imagens

Anita nasceu em 2005, Aurora em 2012 – Marcos Piangers escrevia sobre elas e matutava no que era ser pai. «Comecei a apontar as histórias das minhas filhas como um jornalista documenta o que vai vivendo. Anotava frases engraçadas, episódios marcantes, e lidava como podia com os meus medos», conta o comunicador brasileiro de 37 anos, seguido de perto por 2,5 milhões de fãs no Facebook e autor de vídeos na Internet vistos mais de 30 milhões de vezes. «Homem é meio que treinado para fazer algumas poucas coisas. Eu queria ser mais para Anita e Aurora.»

«O próprio Barack Obama disse que o seu maior feito na Casa Branca foi ter podido ver as filhas a mudarem de meninas para mulheres.»

Filho de mãe solteira, sem referências masculinas, o jornalista desabafava sobre a paternidade em colunas meio envergonhadas no jornal Zero Hora, sem imaginar que daí viriam os livros estrondosos O Papai É Pop em 2015 (lançado em Portugal com o nome O Pai É Top em 2017) e O Papai É Pop 2.

Via a mulher exausta depois de as meninas nascerem, culpada por não ser perfeita, e decidiu que queria ser pai a tempo inteiro. Não faria como muita gente, que não sabe o que perde ao fazer horas extras no trabalho para não ter de voltar para casa e lidar com as crianças.

«Se há coisa que a vida me ensinou foi que ter uma família é superassustador», desabafa. As mães, hoje, são outras mulheres, e os pais outros homens. Não existem famílias perfeitas, mas parte da graça de se ter filhos reside nessa confusão. «Obras‑primas dão trabalho e eles são as nossas obras‑primas. O próprio Barack Obama disse que o seu maior feito na Casa Branca foi ter podido ver as filhas a mudarem de meninas para mulheres.» Se dúvidas houvesse…