Luís Araújo: o galaico-português

Foto: Paulo Spranger/Global Imagens

Texto de Alexandra Tavares-Teles

Nasceu em Vigo, cresceu no Funchal, vive no Chiado, coração de Lisboa. Luís Araújo, 48 anos, é o presidente do Melhor Organismo Oficial de Turismo do Mundo – o Turismo de Portugal. “Orgulho de todos os portugueses”, diz, e a “prova de que pode haver muito empenho e dedicação na gestão pública”. O país, igualmente escolhido como o melhor destino do mundo (escolha do público em conjunto com profissionais da indústria) na recente cerimónia dos World Travel Awards, os prémios mais importantes do turismo, agradece.

Filho de uma galega e de um madeirense, foi por precaução paterna “imediatamente registado” no consulado português. Da Galiza, porém, guarda a recordação de férias grandes “maravilhosas”, à solta, longo intervalo estival na vivência de ilhéu. Do Funchal, para onde foi apenas com três meses de vida, lembra “tempos fantásticos”, dias divididos entre o mar, a escola e as brincadeiras de “miúdo rebelde” e “aluno mediano”, se bem que “imbatível” a português e a línguas (sendo desde logo bilingue).

Aos 18 anos, rumou a Lisboa para estudar Direito na Universidade Clássica. Aluno de Marcelo Rebelo de Sousa, terminou o curso com média de 12 valores e a certeza de que não estava nas leias a sua maior vocação. Ainda assim, fez o estágio. Logo depois, entrou para o grupo Pestana, ao qual não tem ligações familiares, apesar do apelido: de 2001 a 2005, foi assessor da Administração para novos projetos, membro do Conselho de Administração e vice-presidente na América do Sul, responsável na sucursal do Grupo Pestana no Brasil.

Porém, de um dia para o outro de 2005, largou tudo a convite do secretário de Estado do Turismo da altura, Bernardo Trindade, amigo “quase irmão”, que o chamou para chefe de gabinete. Foi aí que Luís Araújo conheceu Ana Mendes Godinho, a atual secretária de Estado do Turismo. Dez anos depois, foi ela quem o desafiou para assumir o Turismo de Portugal. “Está a vingar-se pela trabalheira que lhe dei em 2005.”

Não pára, diz. “Hoje em dia, é mais difícil almoçar com ele do que com o Papa”, confirma Catarina Albuquerque. A CEO da iniciativa internacional Sanitation and Water for All (UNICEF) e Luís Araújo conheceram-se “num saco de batatas”, praxe a que foram sujeitos na faculdade. Dançarino capaz de arrebatar seguidores em coreografias complicadas, animador de festas “de categoria”, nas palavras de Catarina, “é um otimista, alguém que pensa fora da caixa, cheio de ideias originais, muito profissional, mas também informal, sempre pronto a arregaçar as mangas”.

Escolhe de Portugal as aldeias do xisto e a praia do Meco, a sua favorita. O Algarve, no inverno, e a ilha do Pico nos Açores, sempre. Os pastéis de Tentúgal e a beira-rio lisboeta, do Cais do Sodré a Belém. E a Madeira, claro.

A insatisfação permanente é um traço de personalidade. Roer as unhas um vício. Parar de vez em quando para se perguntar se ainda é feliz a fazer o que faz uma regra de ouro. Até agora não teve dúvidas. É.

Cargo:
Presidente do Turismo de Portugal

Nascimento:
13/06/1970
(48 anos)

Nacionalidade:
Portuguesa