Texto de Filomena Abreu
Já se passaram 118 anos desde aquele 22 de dezembro de 1900. A Lotaria de Natal era novidade. O prémio, de 150 000 réis, atraiu atenções. Embora a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa não consiga afirmar que, desde então, o sorteio decorreu sempre sem interrupções, há uma coisa que se sabe. Hoje, tal como noutros tempos, o assunto é levado a sério. Quando as luzes da quadra começam a enfeitar as ruas, à cautela, milhares correm para comprar o bilhetinho mágico, na esperança de ser um dos premiados.
O sorteio da Lotaria de Natal é público. Realiza-se na presença de um júri e é transmitido pela televisão. Os bilhetes a sortear são numerados de 0 (00 000) até ao último número da emissão. E qualquer um pode sair. No dia da extração – neste ano calha a 26 -, são retiradas as esferas com os algarismos que compõem o número sorteado.
Da esquerda para a direita. Correspondendo à ordem das dezenas de milhar, unidades de milhar, centenas, dezenas e unidades. Um ato que se caracteriza pelo cerimonial, mas que decorre sempre com tranquilidade, contrastando com o nervosismo de quem espera (e desespera) pelos resultados.
Porém, em 1984, a extração acabou suspensa, após um alerta de bomba. Falso alarme. Apesar do momento conturbado, esse ano ficou marcado por outra curiosidade: o primeiro prémio foi parar, por inteiro, às mãos de 49 funcionários da empresa pública de autocarros Rodoviária Nacional. 200 mil contos (atualmente, quase um milhão de euros). Não era brincadeira.
Normalmente, a extração da Lotaria Clássica de Natal acontece na mítica Sala de Extrações da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, desenhada pelo arquiteto Adães Bermudes, que este ano continua em obras. Por isso, o evento terá lugar no Wonderland Lisboa – Espaço Jogos Santa Casa -, situado no Parque Eduardo VII, em Lisboa, às 12.30 horas.
Associada à esperança e às boas causas, numa altura do ano em que, mais do que nunca, é necessário reforçar os valores de solidariedade e de alegria, a lotaria revela-se uma tradição de muitas famílias. De muitas gerações. “É, sobretudo, por isso que esta Lotaria Clássica, em particular, é tão importante para a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa”, garantiu a instituição à “Notícias Magazine”.
Anualmente, e depois dos temas previamente aprovados, a Santa Casa lança um concurso público internacional para escolher os desenhos que vão figurar nas cautelas. O vencedor de 2018 foi a agência Fuel.
Com cinco milhões de frações emitidas; dez séries de 100 mil bilhetes, ao preço de 75 euros cada; sendo que os bilhetes estão divididos em quintos, que também podem ser adquiridos por 15 euros cada. A sorte está nas ruas.
Já depois de se apurarem os vencedores, as cautelas que não forem compradas serão recolhidas e destruídas. Mas vamos antes focar-nos no que se pode construir com o valor dos principais prémios: 12,5 milhões de euros; 2,5 milhões e 1,25 milhões. Era bom, não era?