A “jovenzinha de 93 anos” que foi fazer voluntariado

Texto de Pedro Emanuel Santos

Quem acha que as boas ações são para qualquer idade, tem aqui um excelente exemplo disso mesmo. Irma é uma senhora italiana de respeitáveis 93 anos e tem muito para contar.

Irma não hesitou quando soube da possibilidade de realizar uma ação de voluntariado num orfanato no Quénia. Nada a parou: nem o calor africano, nem a eventualidade de contrair doenças complicadas, nem as más condições, nem… o bilhete de identidade. Nada. Fez as malas, não se esqueceu da inevitável bengala que lhe ampara os passos e partiu a 20 de fevereiro para terras quenianas. Por lá permaneceu durante três semanas.

“Olhem para ela. Quem a pode parar?”, escreveu na rede social Facebook Elisa Coltro, a orgulhosa neta de Irma. “É uma jovenzinha de 93 anos que foi não para um local turístico para ser servida e apaparicada, mas para uma aldeia de crianças, um orfanato”, acrescentou Elisa no mesmo post, que foi partilhado por quase 100 mil pessoas, segundo a contabilidade do jornal italiano La Reppublica.

Viúva aos 26 anos e com três filhos nos braços para criar, Irma é a grande referência da família que construiu. Teve a ideia de ser voluntária em África depois de saber que um padre da pequena cidade onde mora, Noventa Vicentina, no norte de Itália, fundara um orfanato no Quénia. Não pensou duas vezes, lá foi ela. Nonagenária, mas cheia de coragem e amor ao próximo para dar.

“A minha avó já fazia donativos para o orfanato. Mas achou que não era suficiente, queria sentir-se útil e ir mesmo para o Quénia”, descreveu Elisa Coltro, ela própria voluntária regular em campos de refugiados sírios na Grécia.

Para não ir sozinha, Irma desafiou a filha, mãe de Elisa, a acompanhar-lhe na aventura. Quando chegaram ao destino, a mensagem de Irma enviada aos familiares foi curta mas disse tudo. “A viagem foi longa, mas já estou ao serviço. E feliz”, anunciou a idosa, de coração cheio.