Texto de Filomena Abreu
Foi há um ano. A britânica Jen Taylor não sentia qualquer dor, mas havia um alto no queixo que a incomodava. Podia ser um abcesso, por isso foi ao dentista. Afinal, tratava-se de um tumor que lhe afetou os ossos da face e obrigou a remover, numa única cirurgia, parte da mandíbula superior, da bochecha e do nariz, um pouco da órbita ocular e parte do crânio, chegando quase à nuca. Na segunda fase da intervenção, que demorou 16 horas, ainda se fez a reconstrução do rosto.
Os médicos usaram ossos da omoplata de Jen e músculos das costas para dar-lhe um novo céu-da-boca. Também uniram a área reconstruída com veias do pescoço. A mulher não achava ser possível sobreviver. A quimioterapia deitou-a abaixo, e chegou a ter sintomas de ataque cardíaco.
Jen Taylor admitiu, numa entrevista ao programa televisivo de Victoria Derbyshire, na BBC, que não estava psicologicamente preparada para a reconstrução facial. “Não tive outro tipo de apoio além do dado pelos médicos e enfermeiros. Perguntava-me como seria possível recuperar.”
Depois da operação, Taylor sentia-se feliz por estar viva, mas encarar a sua nova imagem não era fácil. “Houve momentos em que me olhei no espelho e achei muito difícil lidar com as mudanças”, admitiu.
O que a ajudou foi captar uma imagem por dia da sua face: “Se não fossem as fotos, teria desesperado, pois não pensaria que estava a melhorar”, disse. Agora o rosto já desinchou e ela até já consegue mastigar alimentos. Porém terá de fazer implantes dentários, uma vez que só pôde conservar seis dentes superiores, do lado esquerdo.
A autoestima de Jen Taylor melhorou porque, graças às fotos que tirou, conseguiu perceber que aos poucos o seu rosto ia adquirindo melhor aspeto, aproximando-se de uma “normalidade”: “Eu ainda olho para mim e digo, ‘Aqui está a pessoa com cancro'”. Contudo, a vontade de viver não desapareceu e Jen até já se prepara para voltar ao trabalho.