Jorge Palma: “Gosto imenso de acelerar. Daí já ter mandado ene carros para a sucata”

Foto: Reinaldo Rodrigues/Global Imagens

Vejo bem… Afasto-me do que não gosto, de situações que me façam sentir desconfortável. Sou generoso, sem esperar nada em troca. Isolo-me para ter paz de espírito, para pensar, compor, tocar piano, guitarra. Às vezes fico inerte durante um certo período de tempo. As pessoas podem pensar que é preguiça, mas a cabeça está a trabalhar intensamente. Quando estou em forma sou meticuloso, às vezes preciosista. Sempre fui apartidário e agnóstico – a condição humana não permite que consigamos desvendar esse mistério que é o que acontecerá ao espírito depois do corpo ir para a cova. Nunca me interessei por futebol e, nas raras vezes em que fui convidado a participar musicalmente em jogos, saí de lá a detestar os bastidores. Considero-me humanista e acho que a compaixão é um dos valores fundamentais. Não sou manipulador.

Vejo mal… No que toca a automóveis, gosto imenso de acelerar, por vezes imprudentemente. Daí já ter mandado ene carros para a sucata. Felizmente, nunca aleijei ninguém. Sou preguiçoso e neste caso estou a referir-me à preguiça que Erasmo de Roterdão considerou a mãe de todos os vícios no seu “Elogio da Loucura”. Nunca aprendi a cozinhar, o que significa que houve sempre alguém a cozinhar por mim. Isso também implica um certo machismo, que sempre procurei combater, mas que me foi incutido pela sociedade em que nasci e vivi até ao princípio da idade adulta. Já agora, a minha pontualidade não é muito apreciada pelas pessoas com quem lido.

Músico
68 anos