Há uma nova portuguesa entre os anjos da Victoria’s Secret

Texto de Alexandra Tavares-Teles

Conhecer a lua, fazer um safari, desfilar para a Louis Vuitton, ser cara da Dior ou da Gucci são alguns dos desejos de Isilda Moreira, a manequim portuguesa descoberta para a moda num shopping londrino, seguidora da palavra de ordem “crê nos teus sonhos”.

Um deles, não nomeado, acaba de se concretizar com o anúncio da participação no desfile anual da Victoria’s Secret, revelação feita pela própria, a 7 de setembro, perante os 26,8 mil que a seguem no Instagram. Estava em Nova Iorque, ainda emocionada.

A história de Isilda, comum a outras manequins, começa em 2012, com uma pergunta. “Desculpe, é modelo?”, quis saber o rapaz que a abordou no Westfield, um shopping londrino. Não, não era nem tal lhe passava pela cabeça. No dia seguinte, mesmo desconfiada, apresentar-se-ia na agência IMG London, cuja morada estava no cartão que o desconhecido lhe dera.

Conhecer a lua, fazer um safari, desfilar para a Louis Vuitton, ser cara da Dior ou da Gucci são alguns dos desejos de Isilda Moreira.

Começa assim, aos 14 anos, a caminhada da menina que nasceu em Lisboa no ano de 1998. Criada, a partir dos seis anos, em Aljustrel (Alentejo), a manequim teve o apoio dos pais, veterinários de profissão, desde o primeiro dia, suporte familiar que lhe permitiu terminar o 12.º ano na área que até então pensava seguir – ciência e tecnologia.

Ficaria por ali. A fotogenia e a beleza, rapidamente notadas, ditaram presença assídua em certames de moda em Lisboa, Madrid e Barcelona, garantindo trabalhos com Luís Buchinho e o papel de protagonista na campanha Earth & Fire da marca Luís Onofre.

“É uma grande profissional”, rotula este último. “Interpreta na perfeição o que se lhe pede e vai ter um futuro brilhante.” Onofre revela também a boa relação pessoal. “Muito reservada, muito amiga, muito bonita.” Mas, brinca, “está muito magrinha”.

“[Isilda] interpreta na perfeição o que se lhe pede e vai ter um futuro brilhante.” (Luís Onofre)

Teimosa, determinada, diz de si própria. “Humilde, esforçada, muito low profile”, acrescenta o produtor de moda Paulo Gomes, que incluiu a manequim “no grupo interessante da Maria Clara e da Maria Miguel”.

Frederico Martins, um dos portugueses que mais a fotografou, destaca a “elegância do gesto, as mãos, o pescoço alto, os ombros, o corpo esguio, porém com formas muito femininas”. Naturalmente, “a beleza clássica e a pele”. “O inacreditável brilho da pele.” No entanto, deixa o aviso: “Um desfile Victoria’s Secret ajuda, não faz milagres. Não vale a pena fazer um show se depois se recusar a ir viver para os EUA.” Nova Iorque. Leia-se perder o conforto, os amigos, a família, aguentar a competição furiosa. “Emocionalmente é muito desgastante. Mas, para vencer, Isilda terá de aceitar esse sacrifício.”

Fã de Liya Kebede, a top model etíope que marcou a década de 2000, e com quem tem notáveis parecenças físicas, Isilda, de ascendência guineense e cabo-verdiana, está a preparar-se. Depois de Marc Jacobs, Loewe, Moncler, Michael Kors e Hermès, olha o futuro, avança cinco anos e deixa um desejo: “Gostava de ser embaixadora de uma grande marca de beleza”. Com uma certeza – “Não vale a pena projetar. Na moda tudo muda muito rapidamente”.