O imponente lustre, a enorme pistola e a monumental sandália de Joana Vasconcelos

Paulo Spranger/Global Imagens

Vejo bem… 1. A procura e capacidade do ser humano pensar o seu verdadeiro “Eu”, num processo que poderá conduzir à sua individualidade, totalidade e conciliação entre o pessoal e o coletivo foi o motivo da minha mais recente obra, “I’ll be Your Mirror” (2018), para o Guggenheim Bilbao. 2. A igualdade, independência e autonomia feminina que é representada com ironia em “A Noiva” (2001 – 2005), um imponente lustre composto de imaculados tampões higiénicos. 3. A realização plena da individualidade através de subversão dos normativos sociais impostos à Mulher, como em “Marilyn” (2009), que, através do recurso a panelas para reproduzir uma monumental sandália de salto alto, contraria a impossibilidade da relação dicotómica do Feminino nos planos doméstico e social.

Vejo mal…
1. A Mulher no epicentro de um movimento permanente, dramático e violento, cujas causas não são exclusivas a uma geografia ou religião. A obra “Burka” (2002) emerge do entendimento de que todas continuamos a viver sob um mesmo véu, enquanto não houver uma verdadeira alteração nas mentalidades. 2. O destino do nosso Mundo ao transportar sempre consigo a destruição e a criação, a escuridão e a luz, como apresentado em “War Games” (2011), um automóvel de exterior negro e bélico que, no interior, reúne bonecos coloridos numa alusão ao universo infantil. 3. A violência passível de ser produzida através do poder da comunicação em massa – conceito presente em “Call Center” (2014 – 2016), uma enorme pistola Beretta construída com 168 telefones fixos pretos.

Artista plástica
46 anos